Havia um lugar mítico chamado Tombuctu, onde nenhum europeu tinha ido. René Caillié (1800*-1838) parte para o Senegal em 1816. De 1824 a 1828 empreende uma viagem por África, disfarçado de árabe e praticando o islamismo. Em 1827 parte da costa africana para o interior, demorando um ano a chegar a Tombuctu. O lugar mítico revelou-se dececionante à chegada. Ficou ali apenas quinze dias e o regresso revelou-se bastante mais difícil que a primeira viagem.
Este seu livro, publicado pela primeira vez, em 1830, é um retrato das sociedade árabes e africanas.
*«Nasci em 1800, em Mauzé, departamento dos Deux-Sèvres, de pais pobres; tive a infelicidade de os perder na infância. Não recebi outra instrução senão a que se ministrava na escola gratuita da minha aldeia; logo que aprendi a ler e a escrever, mandaram-me aprender um ofício do qual me me desgostei em breve, graças à leitura de viagens que ocupava todos os meus momentos de lazer. Sobretudo, a história de Robinson inflamava-me a jovem cabeça; tal como ele, ansiava por aventuras; já sentia nascer no coração a ambição de me tornar famoso por uma qualquer descoberta importante.» (vol. 1, p. 13-14)
*«Nasci em 1800, em Mauzé, departamento dos Deux-Sèvres, de pais pobres; tive a infelicidade de os perder na infância. Não recebi outra instrução senão a que se ministrava na escola gratuita da minha aldeia; logo que aprendi a ler e a escrever, mandaram-me aprender um ofício do qual me me desgostei em breve, graças à leitura de viagens que ocupava todos os meus momentos de lazer. Sobretudo, a história de Robinson inflamava-me a jovem cabeça; tal como ele, ansiava por aventuras; já sentia nascer no coração a ambição de me tornar famoso por uma qualquer descoberta importante.» (vol. 1, p. 13-14)
Trad. de Luís Cadete.
Mem Martins: Europa-América, 2007
«Por fim, chegámos felizmente a Tombuctu no momento em que o Sol tocava o horizonte. Via portanto esta capital do Sudão que era há tanto tempo o objetivo de todos os meus desejos.Ao entrar nesta cidade misteriosa, objeto das pesquisas das nações civilizadas da Europa, fui tomado por um inexplicável sentimento de satisfação; nunca experimentara uma tal sensação e a minha alegria era extrema. [...] Recobrado do meu entusiasmo, verifiquei que o espetáculo que tinha perante os olhos não correspondia à minha expectativa; fizera da grandeza e da riqueza desta cidade uma ideia completamente diferente: à primeira vista, ela apresenta-se como uma amontoado de casas de terra mal construídas; para onde quer que se olhe, não se vêem senão planícies imensas de areia solta de um branco quase amarelo e de enorme aridez. [...]
«[...] Tombuctu pode ser considerada o principal entreposto desta parte da África. Nela se armazena todo o sal proveniente das minas de Toudeyni; este sal é transportado em caravanas no dorso de camelo. [...]
«Tombuctu possui sete mesquitas, entre as quais duas grandes, encimadas cada uma delas por uma torre de tijolo à qual se sobre por uma escada interior.
«Esta cidade misteriosa, que há séculos ocupava os sábios, e sobre cuja população se teciam ideias tão exageradas, tal como sobre a sua população e o seu comércio com o interior do Sudão [...] deve ter quando muito dez ou doze mil habitantes, todos comerciantes, incluindo os mouros estabelecidos.» (vol. 2, p. 155-161)
Este livro é interessantíssimo.
3 comentários:
Fantástico, o livro valerá seguramente a pena! Bom dia e obg
Gostava muito de ir até Tombuctu. :)
O livro deve ser interessante. Irei procurá-lo.
O que se passa em Tombuctu é de loucos.
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