Prosimetron

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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Leituras no Metro - 130

Nas carruagens do Metro está afixado o seguinte cartaz:

«Ler no jardim, no café»... E ler no Metro? Eu, presentemente, ando a ler as cartas de António José Saraiva para Teresa Rita Lopes.

Lisboa: Gradiva, 2013
€14,00

Se não me tivessem dado o livro, nunca o teria lido. Não era livro que comprasse com este título: Cartas de amor. Estou a gostar. Fica a conhecer um António José Saraiva campista, amante de caminhadas, para além das suas leituras, de aspetos da política internacional e do seu quotidiano em Paris. Vou a meio, de modo que talvez ainda o livro aqui regresse.

«Descobri um processo formidável para acelerar a cozinha: abri um buraco na areia, e meti lá o fogão de gás. Dessa forma, o vento não prejudica a chama e o frio não atrasa a acção do fogo. O fogão não fica à vista. Para evitar que a areia entre pelos buraquinhos da cabeça do fogão, molha-se à roda do buraco. Consegui reduzir a metade o tempo de preparação dos alimentos por sete processo. É istoq ue se chama "imaginação campista", que faz parte do tal "espírito campista" de que te fizeste uma heroína.» (p. 45)

«Ao todo, fizemos nove horas e meia de marcha, sem contar os descansos do almoço e do lanche, que foram breves.
«Este género de passeios é que me enche. Se eu fizesse dois ou três cada ano, isso bastava para me conservar em forma. Vi no caminho muitas flores bonitas e pensei que havias de gostar de as ver. Até colhi uma, em plena serra silenciosa e parada, para te a mandar neste envelope. Mas não sei o que lhe aconteceu, provavelmente o mesmo que às peras do Pero Marques*!» (p. 69)
*«Pretendendo à mão de Inês Pereira, que lhe pergunta pelas peras, o Pero Marques da farsa vicentina vê-se sem elas, justificando: "Nunca tal me aconteceu! / Algum rapaz m'as comeu..."» (nota de Ernesto Rodrigues)

2 comentários:

ana disse...

Deve ser interessante. Ficamos com uma ideia diferente quando lidamos com o quotidiano.:)
Boa tarde.:)

MR disse...

Estou a gostar.
Um dia, AJS disse que era escritor e perguntaram-lhe se de «livros de amor». :-))