A 8 de Março de 1714 nascia o segundo filho de Johann Sebastian Bach, Carl Philipp Emanuel. O tricentenário do nascimento motivou orquestras e coros em várias localidades alemãs a recordar este génio durante o fim de semana.
Hoje em dia, associamos o nome Bach inevitavelmente ao grande mestre do barroco alemão. Há 250 anos, Carl Philipp superava o seu progenitor em matéria de popularidade e notoriedade. Quando Mozart falava do "pai" de quem ele próprio e outros contemporâneos aprenderam o ofício musical, referia-se a Carl Philipp e não a Johann.
O percurso artístico de Carl Philipp parecia predestinado: seu padrinho de batizado fora Georg Philipp Telemann (daí o segundo nome Philipp), e Johann Sebastian proporcionou-lhe naturalmente uma educação musical profunda em Köthen e Leipzig, onde a família Bach residia. O jovem Carl Philipp iniciou as suas primeiras composições enquanto jovem aprendiz, tendo-as, em adulto, destruído infelizmente quase na íntegra.
Em 1731, começou os seus estudos de jurisprudência na universidade de Leipzig. Concluiu-os na faculdade de direito de Frankfurt/Oder. A formação superior possibilitou-lhe o ingresso na alta sociedade da época: aos 24 anos, Carl Philipp assumiu o cargo de cravista da corte do príncipe herdeiro Frederico da Prússia (futuro rei Frederico II). Durante trinta anos, ocupou esta posição em Ruppin, Berlim e Potsdam. Relacionava-se com Lessing, Kloppstock e Kleist.
Neste seu período áureo, Carl Philipp desenvolveu uma nova e revolucionária abordagem musical: quebrou com os conceitos convencionais e "emancipou-se" da herdade paterna, ao procurar a "alma" da música, uma música que, no seu entender, deveria tocar o coração humano e ao colocar assim o ser, o indivíduo, no centro da sua obra. Genial no domínio do cravo, compôs várias sonatas e sinfonias, bem como peças corais.
O seu virtuosismo proporcionou-lhe grande reputação na Europa Central. Em 1768, o "Bach berlinense" obteve o devido reconhecimento profissional ao ser nomeado director musical e cantor do Johanneum de Hamburgo, sucedendo a Georg Philipp Telemann que falecera um ano antes. Nestas funções, passou a dedicar-se mais à música sacra, seguindo assim o exemplo do seu pai.
Carl Philipp Emanuel Bach morreu em Hamburgo aos 74 anos. Vanguardista no seu estilo, abriu o caminho para o classicismo vienense de Haydn, Mozart e Beethoven.
Lamentavelmente, caiu em esquecimento a partir do século XIX.
Como pequeno contributo, segue o terceiro andamento do belo concerto nº 3 para violoncelo (Wq 172), na interpretação de Atsushi Sakai.
Segunda imagem: O concerto para flauta de Sanssouci (1850 - 52) de A. Menzel que retrata Frederico II a tocar flauta e C. P. E. Bach no cravo
3 comentários:
Bela música para acompanhar o chá.
Muito bonito este registo.
Boa noite, Filipe.:))
Gostei muito de ouvir. Tenho andado recentemente por outras épocas, mas é sempre bom voltar a esta.
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