Manoel de Barros, Ilustração de Rogério Coelho
ENCOMENDAÇÃODeus é uma grande aranha, pensou
manoel de barros. E agarrou um dos
fios da sua teia para subir, com
todo o cuidado de um tecedor
de palavras, até ao infinito. «E
onde está o deus que fabricou
tudo isto?», perguntou ao chegar
à floresta que nasce no cume
dos sonhos. E um dos pavões,
de sílabas coloridas com as tintas
vermelhas e roxas do crepúsculo,
respondeu: «Deus vive na rede
dos teus versos.» E abriu a sua
cauda onde as cores da madrugada
reflectiam, como num espelho
de ouro poliédrico, o rosto de deus.
Nuno Júdice
14-11-2014
Poema inédito cedido pela Casa da América Latina
2 comentários:
Gostei do poema, o que nem sempre acontece em relação à poesia de N.J.
Bom dia!
Boa noite!:))
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