Leonardo da Vinci, S. Jerónimo no Deserto,
Museu do Vaticano, c. 1480, inacabado
companhia, podes tocar numa... com cuidado.
O poeta baixou-se, pegou num dos cristais transparentes e endireitou-se, para o ver melhor, à altura dos olhos. Num tom de respeito enternecido, Rashid prosseguiu:
- A história é esta: pouco antes de se retirar para o Céu o Senhor Devaiah considerou a maldade dos homens, os seus pecados, as suas iniquidades. E o coração de Deus encheu-se de tristeza e piedade pela pobre raça humana. Antes de partir, Devaiah chorou. Eis as suas lágrimas.
Sem deixar de olhar para o cristal luminoso que segurava delicadamente nas pontas dos dedos, o poeta murmurou:
- Quartzo hialino.
João Aguiar, O Homem Sem Nome, Lisboa: Asa, 1995 (7ª Edição), p. 30.
O livro teve o condão de me transportar numa viagem à espiritualidade e sensibilidade do ser humano. Não será o deserto o caminho que muitas vezes encontramos e temos de vencer?
João Aguiar nasceu em 1943 e morreu em 2010. O Homem Sem Nome foi publicado pela primeira vez em 1986 mas só o li agora. Para quem já o leu deixo a partilha e quiçá a vontade de uma nova leitura, Para quem não leu uma sugestão.
3 comentários:
Li este livro quando saiu, na saudosa Perspectivas & Realidades. E sei qe gostei.
Bom domingo!
Ana, registei a sugestão, pois ainda não o li.
Beijinhos e bom domingo.:))
MR,
Gostei muito.
Cláudia,
Devo agradecer-lhe a rapidez com que mo arranjou.
O amigo que mo indicou disse que iria ser difícil de arranjar mas afinal até foi fácil.
Vai gostar de o ler.
Beijinho para as duas.:))
Enviar um comentário