Continuo a ler entusiasticamente a autobiografia de Keith Richards. O guitarrista nasceu em 1943 em plena II Guerra, tendo crescido no pós-Guerra. As pessoas falavam pouco sobre o assunto: «Em Inglaterra, imperava o nevoeiro: não apenas o físico, mas também um outro, um nevoeiro de palavras. As pessoas não manifestavam as suas emoções.» (p. 63). A mãe dele, Doris, ouvia muita música e sabia distinguir a boa e da má.
«A Doris era [...] uma pessoa muito musical, como o Gus [o avô]. No fim da guerra entre os três e os cinco anos, ouvi Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Big Bill Broonzy, Louis Armstrong. E aquela música falava-me, todos os dias a ouvia porque era o que a minha mãe punha a tocar. [...] a Doris ensinou-me a passear os ouvidos pela zona negra da cidade, sem sequer se dar conta disso. Sabia lá eu de que cor era a pele dos músicos: bem podiam ser brancos, pretos ou verdes. Mas s tiveres um ouvido um nadinha musical, passado algum tempo começas a notar a diferença entre o Aint That a Shame do Pat Boone e o Aint That a Shame do Fats Domino. Não é que a versão do Pat Boone seja particularmente má [..] mas comparada com a naturalidade da do Fats, soa oca e produzida.»
Ouvindo estas duas versões, estou de acordo com Keith Richards.
«A Doris também gostava do que o Gus ouvia. Ele recomendava-lhe Stéphane Grappelli, o Quinteto do Hot Club do Django Reinhardt - ah! o maravilhoso swing daquela guitarra -, Bix Beiderbecke. Ela gostava de um bom swing. Mais tarde, adorou ouvir o grupo de Charlie Watts no Ronnie Scott's.»
Sábado correu um boato, segundo o qual Charlie Watts, o baterista dos Rolling Stones, tinha falecido. Watts é considerado um dos maiores bateristas do mundo e tem gravado discos a solo, na área do jazz.
2 comentários:
Do que li, já gostei. Vai para a lista quando for aí. :-)
Boa tarde!
Espero acabá-lo este fim de semana. Continuo a gostar. Dá uma visão de Keith Richards, para lá do palco. Não é fácil uma banda aguentar-se junta tantos anos.
Boa noite!
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