Estive recentemente em Praga, onde redescobri Alphons Mucha. Lembro-me de em miúdo haver umas reproduções de posters Art Nouveau lá em casa: uma “Tosca”, que descobri hoje ser um design de 1899 do pai do poster gráfico italiano, Adolfo Hohenstein, e um de bicicletas que a memória não me permite identificar. Muito mais tarde, ao ganhar maior familiaridade com o movimento Art Nouveau, vim a apreciar a liquidez do traço de Mucha, a par da perfeição “geométrica” das suas decorações. A sua vida é um bom exemplo de captura das oportunidades certas no momento certo.
Alphonse Mucha nasceu a 2 de Julho de 1860 em Ivančice, na Morávia (hoje parte da República Checa, na altura província integrante do império Austro-Húngaro). Os seus dotes vocais permitiram-lhe chegar à capital provincial Brno para fazer o liceu assente no canto, deixando para trás a sua paixão pelo desenho. Entretanto e em paralelo, foi pintando cenários para teatro na Morávia. Em 1879, aos dezanove anos, foi para Viena, a capital do império, para uma destacada empresa de design teatral. Infelizmente, um incêndio destrói o negócio em 1881 e Mucha regressa à Morávia, ocupando-se em free-lance de retratos e trabalhos decorativos.
São estes trabalhos que chamam a atenção do Conde Karl Khuen de Mikulov, que lhe pede para decorar o seu palácio; impressionado com os dotes do jovem, torna-se seu patrono e financia-lhe a edução formal na Academia de Belas Artes de Munique. Em 1887, Mucha muda-se para Paris, onde continua os estudos e faz ilustrações para revistas e publicidade.
Estamos perto do Natal de 1884 quando Mucha entra por acaso numa tipografia em Paris onde, de repente, havia uma nova encomenda urgente: um poster para a actriz Sarah Bernhardt na sua nova peça, “Gismonda”. Mucha oferece-se para a fazer nas duas semanas pedidas e, a 1 de Janeiro de 1885, o seu poster inunda as ruas de Paris. O sucesso foi imediato e a estrela teatral ficou tão satisfeita que assinou um contrato a seis anos com o jovem artista de 24 anos.
Os anos seguintes vêem-no a produzir múltiplos posters para teatro e publicitários. Em 1899, publica “Le Pater”, uma obra em que examina o oculto na oração “Pai Nosso”. Entre 1906 e 1910, visita os EUA, com a mulher. A sua filha nasce em 1909 em Nova Iorque, e mais tarde terão também um filho. Regressado a Praga, dedica-se a decorar edifícios notáveis. A independência da Checoslováquia, na sequência da Primeira Grande Guerra, faz-lhe chegar o convite para desenhar os selos e as notas da nova nação. Anos depois, o seu “Épico Eslavo” retrata a história e valores do povo eslavo, e é oferecido à cidade de Praga em 1928. Nos anos 30, compõe um enorme vitral para a Catedral de S. Vito, no Castelo de Praga. Fora do mundo artístico, funda a maçonaria checa.
A ocupação da Checoslováquia pelas tropas nazis em Abril de 1939, faz com que Mucha seja dos primeiros a ser capturado e interrogado pela Gestapo. No decurso dos interrogatórios, apanha uma pneumonia. Fragilizado, regressa eventualmente a casa, onde morre a 14 de Julho de 1939, com 78 anos de idade.
Deixo-vos algumas das suas imagens.
Alphonse Mucha nasceu a 2 de Julho de 1860 em Ivančice, na Morávia (hoje parte da República Checa, na altura província integrante do império Austro-Húngaro). Os seus dotes vocais permitiram-lhe chegar à capital provincial Brno para fazer o liceu assente no canto, deixando para trás a sua paixão pelo desenho. Entretanto e em paralelo, foi pintando cenários para teatro na Morávia. Em 1879, aos dezanove anos, foi para Viena, a capital do império, para uma destacada empresa de design teatral. Infelizmente, um incêndio destrói o negócio em 1881 e Mucha regressa à Morávia, ocupando-se em free-lance de retratos e trabalhos decorativos.
São estes trabalhos que chamam a atenção do Conde Karl Khuen de Mikulov, que lhe pede para decorar o seu palácio; impressionado com os dotes do jovem, torna-se seu patrono e financia-lhe a edução formal na Academia de Belas Artes de Munique. Em 1887, Mucha muda-se para Paris, onde continua os estudos e faz ilustrações para revistas e publicidade.
Estamos perto do Natal de 1884 quando Mucha entra por acaso numa tipografia em Paris onde, de repente, havia uma nova encomenda urgente: um poster para a actriz Sarah Bernhardt na sua nova peça, “Gismonda”. Mucha oferece-se para a fazer nas duas semanas pedidas e, a 1 de Janeiro de 1885, o seu poster inunda as ruas de Paris. O sucesso foi imediato e a estrela teatral ficou tão satisfeita que assinou um contrato a seis anos com o jovem artista de 24 anos.
Os anos seguintes vêem-no a produzir múltiplos posters para teatro e publicitários. Em 1899, publica “Le Pater”, uma obra em que examina o oculto na oração “Pai Nosso”. Entre 1906 e 1910, visita os EUA, com a mulher. A sua filha nasce em 1909 em Nova Iorque, e mais tarde terão também um filho. Regressado a Praga, dedica-se a decorar edifícios notáveis. A independência da Checoslováquia, na sequência da Primeira Grande Guerra, faz-lhe chegar o convite para desenhar os selos e as notas da nova nação. Anos depois, o seu “Épico Eslavo” retrata a história e valores do povo eslavo, e é oferecido à cidade de Praga em 1928. Nos anos 30, compõe um enorme vitral para a Catedral de S. Vito, no Castelo de Praga. Fora do mundo artístico, funda a maçonaria checa.
A ocupação da Checoslováquia pelas tropas nazis em Abril de 1939, faz com que Mucha seja dos primeiros a ser capturado e interrogado pela Gestapo. No decurso dos interrogatórios, apanha uma pneumonia. Fragilizado, regressa eventualmente a casa, onde morre a 14 de Julho de 1939, com 78 anos de idade.
Deixo-vos algumas das suas imagens.
La Dame aux Camelias, outra vez Sarah Bernhardt
Poster para a presença do Império Austro-Húngaro na Feira Internacional de Paris, 1900
(muito apropriado, dado que estou a ler "The Vertigo Years - Change and Culture in the West, 1900-1914", de Philipp Blom)
(muito apropriado, dado que estou a ler "The Vertigo Years - Change and Culture in the West, 1900-1914", de Philipp Blom)
3 comentários:
Artista muito admirado aqui no Prosimetron.
Yes! E tem uma expo até final do mês em Salamanca.
M.
Gosto imenso.
Boas férias e boa viagem.
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