Depois da bruma ter atravessado estas planícies
por uma triste, longa estação, ergue-se um dia
nascido no aprazível Sul, que vem purificar
o doentio céu de todos os seus estigmas.
O mês ansioso, livre de sofrimento,
mais uma vez se nutre das sensações de Maio,
e, frescas, são as pálpebras como folhas
das rosas tocadas pelas chuvas de estio.
Calmos pensamentos nos cercam, como o florir
dos ramos... os frutos a amadurecer... o sol de Outono
que há pouco sorria sobre as colheitas abandonadas...
o frágil rosto de Safo... o respirar feliz de uma criança...
a areia de um instante que desliza serenamente...
um rio a atravessar o bosque... a morte de um poeta...
John Keats
Trad. Fernando Guimarães
In: Poesia romântica inglesa (Byron, Shelley, Keats). Lisboa: Relógio d'Água, 1992
8 comentários:
"A thing of beauty
is a joy forever..."
do mesmo Keats (citado de cor...).
Será?
Pois...
Podia contrapor-se, de Sá de Miranda:
"Ó cousas, todas vãs,todas mudaves,
qual é tal coração qu'em vós confia?/..."
APS,
Em relação aos versos de Keats que colocou, Fernando Guimarães, na mesma edição, traduz:
«A beleza em cada ser é uma alegria eterna».
Embora não saiba se a tradução é fiel, já que citou de cor, concordo que «A beleza em cada ser é uma alegria eterna».
O verso original é:
"A thing of beauty is a joy forever"/
e eu,em tempos de juventude, escrevi,a lápis:"Um momento de beleza é uma alegria eterna"- acho
que é uma versão menos livre do que a de F.G..
O verso é o início do "Endymion", um dos poemas mais emblemáticos de Keats e que ele deixou inacabado -creio.
Bonitas, ambas as versões.
Deixei-lhe + 1 aditamento no seu e-mail que,penso,será o último.
Enviar um comentário