Uma névoa de Outono o ar raro vela
Outono, Hemeroteca Municipal de Lisboa (Rua S. Pedro de Alcântara) |
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
5-11-1932
Fernando Pessoa, Poesias Inéditas, (Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990), p.104
2 comentários:
Bonito o poema.
Sabes uma coisa Ana? Não sabia o que é uma hemeroteca. Nunca tinha ouvido. Já fui ver ao dicionário.
Estamos sempre a aprender.
Um beijinho.
Olá Isabel,
Já utilizei muitas vezes o espaço desta hemeroteca mas não para o fim a que ela se destina. Utilizei-o para escrever e trabalhar porque a Biblioteca Nacional estava fechada.
Tem uma enorme vantagem é próxima do Chiado, junto à igreja de S. Roque, uma igreja muito bonita onde ouvi dois sermões do padre António Vieira.
Beijinhos! :)
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