A cidade de Düsseldorf acolhe, desde ontem, uma das exposições mais aguardadas do ano em solo germânico: El Greco und die Moderne (El Greco e o Modernismo). Sensivelmente 40 quadros, provenientes dos principais museus europeus e norte-americanos, apresentam a arte de Domenikos Theotokópoulos (El Greco). Caído em desgraça na corte de Filipe II e considerado um caso "patológico" até finais do século XIX, El Greco simplesmente ignorou as regras e os padrões artísticos da sua época e criou um estilo inconfundível, nem sempre consensual, através de uma expressão invulgar e manifesta em cenas bíblicas ou mitológicas. Hoje em dia, prevalece sem dúvida o seu reconhecimento como génio, situado entre o Renascimento, Maneirismo e o início do Barroco. Tal honra a Julius Meier-Graefe se deve, um historiador de arte que, em 1908, visitou a Espanha e descobriu El Greco. Meier-Graefe apontou no seu diário "Spanische Reise" (Viagem por Espanha) de 1910 que " El Greco é o maior acontecimento que nos podia ocorrer … Não, por ser tão grande, mas por ser novo."
El Greco und die Moderne constitui a primeira amostra do grande mestre grego-espanhol, acessível ao público alemão. Mas não se centra exclusivamente na obra do pintor, já em si digna de uma ida às margens do Reno. Pois a exposição pretende estabelecer uma ponte entre um estilo único do início do século XVII e a vanguarda do princípio do século XX. Como é do conhecimento geral, a força e a visão de El Greco inspiraram muitos artistas em Paris, Viena ou Munique entre 1900 e 1920. Picasso desenvolveu o seu "Les Demoiselles d'Avignon" a partir da "Abertura do quinto selo" de El Greco. Também Paul Cézanne e Robert
Delaunay admiravam o mestre de Toledo. E Max Beckmann, Oskar Kokoschka, bem como artistas ligados ao movimento "Der blaue Reiter" de Munique, tais como August Macke, viram em El Greco um parente artístico muito próximo.
Assim, mais de cem quadros modernos juntam-se à pintura de El Greco. As semelhanças entre as duas correntes, tão distantes no tempo, tornam-se evidentes ao ver, por exemplo, a Pietà de 1572 e a Lamentação de Cristo de Heinrich Nauen de 1913, ou a Imaculada Conceição de 1607/13 e a Madona com o Menino do expressionista alemão Carlo Mense de 1914. A arte moderna recua aos tempos do velho mestre que, por sua vez, se antecipa à modernidade.
El Greco e o Modernismo - um highlight imperdível que conta com a tutela do Rei Juan Carlos e do recém-eleito Presidente alemão, Joachim Gauck. Para ver e apreciar no Museum Kunstpalast de Düsseldorf até 12 de Agosto.
Imagens: Santiago O Maior de El Greco (1610/14); Pietà (1572) de El Greco; Lamentação de Cristo de Heinrich Nauen (1913)
1 comentário:
Gosto muito de Greco.
Deve ser uma exposição interessante!:)
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