Do tamanho de um vintém:
Podia calçar de prata
Quem tão pequenino pé tem.
***
As flores, por onde passa,
Se os pés lhe acerta de pôr,
Ficam de inveja sem cor
E de vergonha com graça.
Qualquer pegada que faça
Faz florescer a verdura,
Vai formosa e não segura.
Rodrigues Lobo
***
Sapatos Louboutin
A BORRALHEIRA
Meigos pés pequeninos, delicados
Como um duplo lilás, - se os beija-flores
Vos descobrissem entre as outras flores,
Que seria de vós, pés adorados!
Como dois gémeos silfos animados,
Vi-vos ontem pairar entre os fulgores
Do baile, ariscos, brancos, tentadores...
Mas ai de mim! - como os mais pés calçados
«Calçados como os mais! que desacato!
Disse eu. - Vou já talhar-lhes um sapato
Leve, ideal, fantástico, secreto...»
Ei-lo. Resta saber, anjo faceiro,
Se acertou na medida o sapateiro:
Mimosos pés, calcai este soneto.
Luís Guimarães
Retirados de Alberto Pimentel - Manhãs de Cascaes. Lisboa: Ferin, 1893, p. 58, 63
2 comentários:
O Pimentel está a dar "pano para mangas"..:-)
Bom dia!
Pois está. :)
Bom dia!
Enviar um comentário