Prosimetron

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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Um fim de dia proveitoso

António Arnaut, Reis Torgal e Natália Santos, Casa Cultura, Coimbra

«Há homens que fazem parte dos destinos da nação. Raúl Rêgo foi um desses homens». (A.A)
Hoje assisti a uma aula de História dada pelo Doutor António Arnaut ao apresentar um livro sobre Raúl Rêgo de Natália Neves dos Santos.
A atmosfera da sala depressa aqueceu, os olhos tornaram-se vivos tal era a energia e vivacidade do excelente orador que apresentava um amigo, um homem de luta pela liberdade e pela democracia.
Guardei palavras e sentimentos que não conseguirei descrever: valores de bem, de ética e cidadania  que respiraram do palestrante.
Olhando para a capa do livro - António Arnaut - disse: este retrato é magnífico é a alma do Raúl, é ele mesmo, é fantástico com a sua boina basca como quase sempre se apresentava. 
As mãos falavam, a comunicação era perfeita. Traçou o percurso de Raúl Rêgo desde a terra em que nasceu à ida para o seminário e à irreverência que sempre teve na defesa das suas ideias. Deixou de lado uma carreira eclesiástica (que não abraçou) tornou-se jornalista e um homem político, defensor da liberdade. Em traços gerais, António Arnaut desenhou o perfil que está espelhado no livro. Mas foi mais além, focou o que viveu, o que partilhou, as conversas trocadas, os momentos de ditadura, a perseguição da PIDE.
[O homem não é apenas animal político, mas é também um animal cultural e religioso].

Escrevo no «Jornal do Comércio» a abertura do «Dia a Dia», sobre Bispos Africanos. Pois a ominosa Censura corta-me, nesse pequeno eco, as palavras do Papa Paulo VI, no Uganda, sobre o racismo. Aliás, eu transcrevera-as, tal qual, dum jornal da tarde.
Se o Papa fosse jornalista em Portugal muito teria que aprender. Ele que não venha para cá a lembrar Evangelhos ou fraternidade humana que nós temos melhor, muito melhor, e as instruções censórias não poupam nem sequer o Papa.

Raúl Rêgo, Diário Político, p.61 citado por Natália Neves dos Santos, Raúl Rêgo, o Jornalista e o Político. (Prefácio de Luís Torgal). Macedo de Cavaleiros: Editora Poética, 2014, p. 113.

Observando a realidade actual, entrelaçando os acontecimentos e estados de espírito possíveis, como a questão da tolerância, o orador referiu que Raúl Rêgo teria gostado de conhecer as exortações do Papa Francisco.

3 comentários:

LUIS BARATA disse...

Li o homenageado pela primeira vez em casa de meus pais. Meu pai gostava dele, mais pela política e jornalismo do que pela obra historiográfica, que desconhecia ou não lhe dizia tanto. Era um livro de capa cinzenta, tenho quase certeza. Vou ver se por lá ainda se encontra.

ana disse...

Então traga-o aqui, Luís, pois eu não conheço a sua historiografia.
Bom dia.:))

MR disse...

Bom dia, aos dois!