Na companhia de António Mega Ferreira, a minha última leitura entre leituras de trabalho.
Sandro Botticelli, Detalhe da Primavera, Galeria Uffizi, Florença
Imagem retirada daqui: http://picslist.com/image/88126679381
«Há uma política das plantas como há uma história, uma estética e uma ética.
No ritual dos mortos, são flores o que oferecemos. E são flores que enviamos num aniversário, quando alguém de que gostamos adoece, quando nos casamos, quando agradecemos uma receção mais calorosa, quando namoramos ou pretendemos namorar, quando nasce uma criança e quando se encena um discurso. O que é que faz das plantas um ritual for all seasons? O que é que as torna tão presentes, e, por isso mesmo, tão indiferentemente transparentes às circunstâncias da vida humana? Porque é que às plantas emprestamos as qualidades da urbanidade, da serenidade e do conforto? É porque são silenciosas, pura e simplesmente mudas e inócuas? Ou porque, precisamente pelo seu silêncio, nos murmuram constantemente as letras do seu segredo, essa sua intransponível proximidade com o animal, sedutora distância que alimenta as nossas fantasias? O que me interessa nas plantas não é a sua vida, mas a sua imagem no coração dos homens e as razões por que as tornámos comparsas privilegiados do nosso destino.»
Aqui fica uma rosa que resume o texto lido. Um bom Domingo!
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