«3 de dezembro [de 1935] - Morreu Fernando Pessoa. Mal acabei de ler a notícia no jornal, fechei a porta do consultório e meti-me pelos montes a cabo. Fui chorar com os pinheiros e com as fragas a morte do nosso maior poeta de hoje, que Portugal viu passar num caixão para a eternidade sem ao menos perguntar quem era.»
Miguel Torga – Diário. 2.ª ed. Coimbra, 1942, vol. 1, p. 18
2 comentários:
É o destino de quem escreve, passar no caixão para a eternidade, absolutamente incógnito. Mas, quem sabe, esse não será o melhor destino. Quem passa não é o poeta, que esse não morre. Passa o que ficou - e é tão pouco - de um senhor de nome Fernando Pessoa, que nasceu no ano tal e morreu no tal e tal de dita doença. E choram-no a família e amigos próximos.
Vendo bem, o que a morte deixa é tão pouco. Um nada do que fomos.
E é assim por assim ter de ser.
Boa tarde
Era 1935 e pode dizer-se que ninguém o conhecia. Conheciam-no os amigos e os leitores de revistas literárias.
Se ele cá regressasse, muito se espantaria. Ou talvez não.
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