Prosimetron

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domingo, 1 de outubro de 2023

Parabéns JAD!

Parabéns, JAD!

Desejo que tenha um dia feliz!


Veneza aos gatos
Lisboa às moscas e Veneza aos gatos…
(os pombos da bondade só conspurcam
a praça de S. Marcos)
… ao gato perna alta que não vem quando o chamas,
ao contrário da patrícia mosca,
que não era para aqui chamada,
mas logo te soprou os últimos zunzuns
mal chegaste a Lisboa.

O gato de Veneza não te dá pretextos
para miares o que te vai na alma,
nem os sacros temores da miaulesca
esfinge rilkeana.
Não é um gato é um perfil de gato
tapando a saída da calleta.

O gato veneziano é gato sem regaços
e sem selvajaria.
De Veneza o gato é sempre muitos gatos
que vão à sua vida…
… como tu, afinal, não vais à tua.

(De Veneza a Lisboa, num zunido,
já trazias a mosca no ouvido…)

Alexandre O’Neill, Poesias Completas & Dispersos, Lisboa: Edição  de Maria Antónia Oliveira, 
Assírio & Alvim, 2022, p. 251 

Luz e sombra de Veneza!



 

5 comentários:

bea disse...

O poema e a última foto são uma maravilha. Que nítida tenho em mim essa praça quase deserta ao entardecer de um dia que fora de chuva intensa; e como nessa hora bendita, uns raios de sol poente espreitavam entre nuvens escuras e acasteladas, densos redondos que pairavam, tornando mais irreal a paisagem de ilhas e gondolas, Inenarrável.

MR disse...

Não me lembrava deste poema do O'Neill.
Bom domingo, Ana!

Cláudia Ribeiro disse...

Muitos Parabéns, JAD!
Resto de um dia muito feliz!

ana disse...

Ao contrário de O'Neill, vi só um gato em Veneza. Suponho que o calor terá sido o motivo.

Bom dia a todas!:))

Jad disse...

Adorei os gatos com fantasias do carnaval de Veneza. Mas só os vi, em venda, em Florença... em Veneza, os que vi, não tinham vestimentas de carnaval. Mas eram (e são) lindos!