Presente do dia 25 de Abril, poema de David Mourão-Ferreira escolhido por Natália Correia.
TERNURA
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
de frescura que vem depois do Sol,
quando depois do Sol não vem mais nada…
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
em que uma tempestade sobreveio…
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo…
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
(Infinito Pessoal ou a Arte de Amar)
David Mourão – Ferreira, in Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica, Selecção, prefácio e notas de Natália Correia, Lisboa: Antígona & Frenesi, 2008, p. 446
1 comentário:
Podem ouvir o Luis Cilia cantar este poema em:
http://www.youtube.com/watch?v=AYHr5mh6Jw8&feature=channel
O Luis tem um disco todo ele dedicado à poesia de David Mourão Ferreira
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