Esta não é uma obra recente, portanto é uma excepção às já quase quatro dezenas de livros aqui recenseados , mas apesar ser de 2008, achei que valia a pena falar dela, até porque não encontrei qualquer referência na imprensa portuguesa.
Trata-se da autobiografia do professor universitário William Davies King, que é um coleccionador muito especial. Ao contrário de muitos de nós que coleccionamos objectos com valor intrínseco ( livros, selos, moedas, pintura, medalhas etc ) , o prof. King passou a sua vida a coleccionar coisas sem valor ou quase sem valor. Ainda estudante em Yale, começou uma colecção de cadeiras partidas, e daí para a frente foi uma variedade de colecções mais ou menos insólitas: dos ursos de peluche ( Arctofilia ) aos rótulos das caixas de queijo camembert ( Tyrosemiofilia ) ...
Actualmente, é proprietário de 18.000 objectos, com um peso total de 2 toneladas, que nenhum dos seus filhos quer herdar nem nenhum museu receber.
Nesta sua autobiografia, King interpreta o seu coleccionismo com uma tese que é provavelmente aplicável a todos os coleccionadores: coleccionar dá-nos uma ilusão de permanência no mundo, de durabilidade. As nossas colecções tranquilizam-nos, dão-nos segurança num mundo em perpétua mudança. Talvez tenha razão.
- Collections of Nothing, William Davies King, University of Chicago Press, 2008.
1 comentário:
Achei graça ao desprendimento deste coleccionador.
Já coleccionei selos, bules, rãs (antigas) e moedas, esta última colecção é que ainda se vai mantendo viva!
É difícil manter o coleccionismo da adolescência...
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