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Francisco de Quevedo
Francisco de Quevedo y Villegas (1580-1645), um dos grandes poetas castelhanos de sempre, foi criador precoce e prolífico de obras de diversa índole, e que vão da poesia à sátira, da hagiografia à história. Homem de cultura muito ampla - “Sumamiente apasionado al estudio, leía en el coche, durante la comida (…) era diestro en armas, de atrevido corazón.”- , foi polemista fogoso e temido, e teve com Gongora acerbas disputas literárias (“…Untarei as minhas obras com toucinho, / para que tu não as mordas, Gongorilla / …”).
Não esquecendo a obra pícara “El Buscón”, o que dele mais aprecio é, sem dúvida, a obra poética que constitui “ El Parnaso Español”, que reagrupa os seus poemas e que foi impressa, postumamente, em 1648. A poesia de Quevedo caracteriza-se, numa das vertentes mais reiteradas, por reflexões obsessivas sobre a morte e a decadência física (“…a boca pelos anos saqueada / olhos doentes em noite sepultados…”), sob um registo conceptista muito próprio e de grande liberdade expressiva, com um domínio genial das palavras e jogos malabares de múltiplos sentidos. Exemplificativo é o soneto “A una nariz”: "Era um homem a um nariz colado, / era um nariz superlativo, / era um nariz saído e pontiagudo, / era um peixe-espada bem barbudo"…).
Quevedo foi amigo e correspondeu-se com Francisco Manuel de Melo (carta L da "Centúria Segunda" das Cartas Familiares) que usou o seu nome como interlocutor crítico nos diálogos de Hospital das Letras.
Transcrevem-se, de Quevedo, em tradução de David Mourão-Ferreira, duas quadras de um soneto que ele compôs na Torre de Juan Abad, em tempo de exílio e isolamento.:
“ Da Torre
Retirado na paz destes desertos,
com poucos, porém doutos livros juntos,
vivo em conversação com os defuntos,
com os olhos escuto a voz dos mortos.
Se nem sempre entendidos, sempre abertos,
Emendam ou fecundam meus assuntos;
e em musicais silentes contrapontos
ao sonho de viver falam despertos.“
[…]
Post de Alberto Soares
Francisco de Quevedo y Villegas (1580-1645), um dos grandes poetas castelhanos de sempre, foi criador precoce e prolífico de obras de diversa índole, e que vão da poesia à sátira, da hagiografia à história. Homem de cultura muito ampla - “Sumamiente apasionado al estudio, leía en el coche, durante la comida (…) era diestro en armas, de atrevido corazón.”- , foi polemista fogoso e temido, e teve com Gongora acerbas disputas literárias (“…Untarei as minhas obras com toucinho, / para que tu não as mordas, Gongorilla / …”).
Não esquecendo a obra pícara “El Buscón”, o que dele mais aprecio é, sem dúvida, a obra poética que constitui “ El Parnaso Español”, que reagrupa os seus poemas e que foi impressa, postumamente, em 1648. A poesia de Quevedo caracteriza-se, numa das vertentes mais reiteradas, por reflexões obsessivas sobre a morte e a decadência física (“…a boca pelos anos saqueada / olhos doentes em noite sepultados…”), sob um registo conceptista muito próprio e de grande liberdade expressiva, com um domínio genial das palavras e jogos malabares de múltiplos sentidos. Exemplificativo é o soneto “A una nariz”: "Era um homem a um nariz colado, / era um nariz superlativo, / era um nariz saído e pontiagudo, / era um peixe-espada bem barbudo"…).
Quevedo foi amigo e correspondeu-se com Francisco Manuel de Melo (carta L da "Centúria Segunda" das Cartas Familiares) que usou o seu nome como interlocutor crítico nos diálogos de Hospital das Letras.
Transcrevem-se, de Quevedo, em tradução de David Mourão-Ferreira, duas quadras de um soneto que ele compôs na Torre de Juan Abad, em tempo de exílio e isolamento.:
“ Da Torre
Retirado na paz destes desertos,
com poucos, porém doutos livros juntos,
vivo em conversação com os defuntos,
com os olhos escuto a voz dos mortos.
Se nem sempre entendidos, sempre abertos,
Emendam ou fecundam meus assuntos;
e em musicais silentes contrapontos
ao sonho de viver falam despertos.“
[…]
3 comentários:
Gosto muito deste poeta. Obrigada!
Gostei do poema. Obrigada Alberto Soares.
Ana
Também gosto de Quevedo, um dos tais poetas que conheci graças a Paço Ibañez - já o disse aqui.
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