Post escrito (mas não publicado) do lounge de Newark, com o iPod em modo repetição com o álbum “Dear World”, de Jerry Herman. Este fim-de-semana escapuli-me para Nova Iorque para uns dias de descanso e imersão em teatro, para retemperar energias depois de uns meses de trabalho particularmente desgastantes.
Tive a boa fortuna de conseguir entradas para a exposição de Tim Burton no MoMA, e, por ordem cronológica, para “Hamlet”, na produção do britânico Donmar Theatre, com Jude Law (que o Filipe Vieira Nicolau tão eloquentemente expôs a 18 de Julho) e com Geraldine James; “A Steady Rain”, com Daniel Craig e Hugh Jackman; Kandinsky e “Memory” de Anish Kapoor no Guggenheim, “Next to Normal”, com Alice Ripley e Aaron Tveit (já apresentado neste blogue), o novo filme da Disney em exibição limitada, “The Princess and the Frog”, o filme “Precious – based on the novel “Push” by Saphire” e “A Little Night Music”, de Stephen Sondheim, com Catherine Zeta-Jones e Angela Lansbury. Além de ver Nova Iorque em manto natalício, com sul, chuva e neve, desde as montras do Macy’s (dedicadas ao filme “Miracle on 34th Street”), o ringue de patinagem em Rockefeller Centre, sob a égide da estátua dourada de Prometeu, Times Square ao rubro de luz e cor (e já com o calendário para as celebrações de 2010), as lojas engalanadas como se fosse um ano de grande prosperidade e a repassar as clássicas músicas de Natal. Vou fazer umas breves notas sobre a viagem.
10 comentários:
Que programa! Welcome back!
Bom regresso e realmente o programa que arranjou foi fantástico!
Saudades de New York!
Melhor é impossível, um programa extraordinário! E Macy's com retratos da (pequena) Natalie Wood ... NY at its best
tão provincianamente cosmopolita... isto o que é lá de fora é que bom mesmo que seja uma grande merda... pois os títulos são em inglês claro está;
Esta postura faz-me lembrar o monárquico de Odivelas, como ele sabe falar bem francês... quem enfia a carapuça quem ?
Ao comentador anónimo anterior: os espectáculos no estrangeiro são ou não superiores aos nacionais? Não me parece que seja esta a questão. A questão afigura-se-me muito básica: em Portugal, não há simplesmente espectáculos. O último Hamlet foi há anos no D. Maria II, e peças de teatro contemporâneas são raras (à excepção das obras representadas no Teatro Aberto), por vezes com tendência independente excessiva. Não duvide, caro comentador: quanto mais nos apercebermos da realidade no estrangeiro, mais nos confrontamos com o provincianismo enraízado e instalado em Portugal.
E para concluir: quem viu Hamlet na produção do Donmar, dificilmente sairá desiludido. Desejo-lhe que tenha oportunidade de ver esta peça em breve
O comentador das 14:04 é que é um provinciano. Cada vez mais é preciso ter Mundo e conhecer o que de bom se faz no resto do nosso Mundo. Mas o Mundo, para alguns, acaba na própria Rua e no próprio umbigo. Obrigado João Soares . Não te preocupes com a inveja.
Credo, tanto azedume por parte do "anónimo" das 14.04! O Jad já respondeu à letra e eu só acrescento- Caro "anónimo": já há gerações em Portugal que estudaram lá fora,e que se deslocam amiúde ao estrangeiro por razões profissionais ou de mero turismo,tendo o inglês como língua franca.Cada vez mais vivemos numa aldeia global, mas pelos vistos há quem prefira estar ainda no "orgulhosamente sós".
Respondendo aos três comentários anteriores queria dizer tão simplesmente o seguinte: o deslumbramento (não a justa fruição) por tudo o que vem de fora é criticavél, tal como indíviduo deslumbrado que com tiques de "novo riquismo literal e intelectualizante" se acha inserido numa elite, que por seu turno, é responsável pelo irremediável atraso e provincianismo do país. Parece-me um paradoxo. Por mim nada mais tenho a dizer sobre a questão.
Embora não seja eu o autor do post, sou autor de um dos 3 comentários ora mencionados, pelo que passo a responder:
1- Também sou contra os "deslumbramentos" tanto os do presente como os do passado, mas não confundo "deslumbramento" com "entusiasmo". São coisas bem distintas, e o que está em causa no post que estamos a comentar é, pelo que conheço do seu autor, entusiasmo e não deslumbramento.
2- As nossas elites não vieram de Marte, são um espelho do que somos como povo. E cada vez mais acho que temos as elites que merecemos.
3- Quanto ao "novo-riquismo"- sou a favor, o mais possível, desde que não seja excessivamente ostensivo ou à custa da dignidade de terceiros. Ou preferia o Portugal das 50 famílias como antes do 25 de Abril? É que muitas vez quem critica os "novos-ricos" fá-lo por ressentimento de privilégios perdidos. Espero sinceramente que não seja o caso.
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