Prosimetron

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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Leituras no Metro - 1075

 

Lisboa: Bertrand, 1965



«[... o] criador de ficção mais extraordinário - não se ria - do nosso tempo, que é Georges Simenon. Se tirar da estante uma dezena ou uma dúzia de Maigrets, os livros não demoram entre cinco a dez páginas a começar, como em Balzac, ou vinte em Dickens (que, tal como Balzac, demora mesmo muito a começar). Simenon trata disso em dois ou três parágrafos. Há um romance de Maigret que abre com um grande estrondo. Às três da manhã em Pigalle, o velho bairro de prostituição em Paris, o dono de um clube noturno puxa a cortina metálica para fechar. A partir desse ruído simples, tendo como pano de fundo o primeiro carrinho de leite, os passos daqueles que recolhem a casa para dormir e dos que começam a chegar a Les Halles para preparar o dia, Simenon descreve não só a cidade, não só algo da França que nenhum historiador conseguirá superar, mas também coloca perante nós as duas ou três pessoas que virão a ser importantes na história.»
George Steiner numa entrevista a Ronald A. Sharp para  Paris Review, 1995.
In: Entrevistas da Paris Review. Lisboa: Tinta da China, 2017, vol. 3, p. 99.

6 comentários:

Mª Luisa disse...

Concordo com alguma opinião... Eu tive uma grande surpresa quando vi Les Halles. Na minha cabeça estavam Les Halles de Simenon...
Bom dia e boas leituras.Abraço

Margarida Elias disse...

Tenho de voltar a ler - só li um e não apreciei, mas acho que foi porque estava à espera de algo diferente. Bom dia!

Maria disse...

Eu li alguns livros dele (poucos) mas não recordo os títulos. Também vi uns episódios do Maigret em DVD, penso que ainda os tenho junto aos Poirot, Miss Marple e Sherlock Holmes.
Contudo, lembro-me de ter gostado bastante de ler O Homem que via passar os comboios.

Bom dia!
🌫️🌫️

Mr. Vertigo disse...

Li e adquiri os "Maigret" todos, no mais variado tipo de edições e alguns foram relidos.
A forma como ele descreve os acontecimentos e os locais é profundamente visual.
Andamos a ver o Michael Gambon a dar vida a Maigret, numa Paris recriada em Budapeste:-)
Uma boa semana!

bea disse...

Li alguns livros de Maigret, emprestaram-mos numa época em que pouco ligava ao verdadeiro autor. Bem mais tarde comprei mais uns dois ou três. Então, a minha diva dos policiais era Agatha Christie. Entretanto deixei esse género de leitura e nem sei se ainda me conseguiria interessar. Mas qualquer dia faço o teste.

MR disse...

Gosto de policiais e Maigret está no top. Li todos os que estão traduzidos.
Fui a Paris, pela primeira vez, em 1971, e os Halles estavam muito degradados. O Fórum que substituiu o mercado também teve maus anos. Depois foi reabilitado e parece ter ganho uma nova vida.
Boa semana para todas.