Prosimetron

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domingo, 8 de junho de 2008

Cultura Pop


"Popular culture (also known as pop culture) deemed as what is popular within the social context — that of which is most strongly represented by what is perceived to be popularly accepted among society. Otherwise, popular culture is also suggested to be the widespread cultural elements in any given society that are perpetuated through that society's vernacular language or lingua franca. It comprises the daily interactions, needs and desires and cultural 'moments' that make up the everyday lives of the mainstream. It can include any number of practices, including those pertaining to cooking, clothing, consumption, mass media and the many facets of entertainment such as sports and literature. (...)
Popular culture often contrasts with a more exclusive, even elitist "high culture", that is, the culture of ruling social groups."
in Wikipedia, 8 Junho de 2008

Há 50 anos, um crítico britânico chamado Lawrence Alloway criava a expressão Popular Mass Culture no artigo "The Arts and the Mass Media," Architectural Design & Construction, de Fevereiro de 1958. Dessa expressão foram derivados, entre outros, os termos "Pop Art" e "Pop Culture". O autor terminava o seu artigo redefinindo o papel do amante das artes "nobres": "Within this definition, rejection of the mass produced arts is not, as critics think, a defence of culture but an attack on it. The new role for the academic is keeper of the flame; the new role for the fine arts is to be one of the possible forms of communication in an expanding framework that also includes the mass arts."

Hoje, as massas são a personalidade do ano (vide a Person of the Year: 2006 da prestigiada revista norte-americana "Time": You: "You control the Information Age". A grande vantagem das massas é que geram procura e receitas a uma escala impossível para as élites. Esta força financeira ocupa tempo de antena e enriquece os seus promotores, recusando receitas às ditas fine arts que lutam para sobreviver enquanto não se reinventam (veja-se o São Carlos em Lisboa...).

Nos primórdios, a forma de chegar às massas ocorreu essencialmente no Século XX, com a explosão da taxa de alfabetismo e da hipótese de comprar leitura; no caso da música, mudou com a gravação versus a prestação ao vivo; na pintura e na escultura, com o crescimento e difusão dos museus. Em simultâneo, as obras eruditas passam a ter leituras de massa nos novos meios (e.g., "A Dama das Camélias" com múltiplas adaptações já nos tempos do mudo -- começa o "não li o livro mas vi o filme"); depois, os sucessos de massa em artes nobres suportam os novos meios (e.g., a adaptação cinematográfica do romance de Margaret Mitchell em "E Tudo o Vento Levou"). Finalmente, os novos meios suportam-se a si próprios e contribuem para a reinvenção das artes nobres (e.g., pintura com Andy Warhol a retratar Marilyn Monroe, as bandas sonoras de Korngold, Miklos Rosza e Max Steiner).

A segunda etapa foi o enobrecimento dos novos meios: Para os iniciados, começa a existir uma segunda derivada nas dimensões da "Pop Culture", que vão chocando os defensores das artes nobres em maior ou menor grau. Criam-se prémios artísticos (como os Óscares); fala-se em Cinema Clássico (e este para os seus estudiosos já se sub-divide em várias eras), em clássicos da Televisão, na Golden Age da Banda Desenhada e havemos de começar a ver os "Video-Games" como arte.

Uma nova etapa funde os meios em torno a personagens ou temas; os artistas nestes múltiplos meios fazem esbater as fronteiras entre as várias áreas: artistas tradicionalmente de cinema fazem televisão e vice-versa (e.g., o filme "O Sexo e a Cidade", baseado na série do mesmo nome); a nova música eventualmente erudita que mais progride está associada a bandas sonoras (e.g., Michael Nyman); personagens cruzam meios indistintamente: Lara Croft, originalmente um jogo, liderou audiências com filmes de grande produção e como série de banda desenhada. "Star Wars", franquia de sucesso no cinema, lançou uma série de livros que se tornam best-sellers sucessivamente e uma série de banda desenhada que reputadamente salvou a Marvel Comics da falência no final dos anos 70. O novo "Indiana Jones" pisca o olho aos leitores das bandas desenhadas e a quem viu "The Young Indiana Jones Chronicles" na televisão. Jodi Picoult, escritora norte-americana premiada com o New England Bookseller Award em 2003, escreve a série de banda desenhada "Wonder Woman" em 2007.

A Internet remove um dos últimos grandes obstáculos ao artista: retira os custos de capital para chegar ao público alvo, as massas. Não é preciso um investimento inicial elevado para publicar um livro, ou gravar e publicar um álbum, ou para expor pintura ou escultura. A dificuldade vai estar na separação do trigo e do joio: eu pelo meu lado tenho muita curiosidade em ver emergir os novos talentos.

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