Prosimetron

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domingo, 25 de julho de 2010

Af coufaf arduaf e luftrofaf

Existe uma palavra de código para reconhecer os membros de uma das República de Coimbra, que não vou revelar qual é, que foi inspirada nesta história.
No antigo monumento ao Camões (erigido pelos estudantes para evocar o 3.º centenário da morte do poeta) que foi, por "acidente" destruído, a quando da construção da actual Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e mais tarde reconstruído e que tem andado de lugar em lugar (julgo que hoje está na Avenida Sá da Bandeira) havia uma frase tirada de Os Lusíadas (Canto IV) que procurava copiar a grafia antiga, em que se usava o tal "s" que parece um "f".

E para que se perceba de que letra se trata reproduzo um pouco de uma das edições, da segunda compilação, das Ordenações Manuelinas, a reeditada pela Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa, 1984 e 200-) , "fac-simile" da de 1797 (tit XXXVI, do livro v):

Julgo que já perceberam de que "s" se trata: Qualquer pessoa que resistir...

Voltando à história. Na estátua estava escrito, com este desenho gráfico: «As cousas arduas e lustrosas se alcançam com trabalho e fadiga». Quando levaram um "calouro" até ao monumento para que pudesse "contemplar" a "natureza anatómica" do leão representado na estátua – o que é impossível, dado que o leão os não tem, por erro do artista – mandaram que o estudante lesse a frase e "os" procurasse com trabalho e fadiga. E o estudante terá lido "As coufas arduas e luftrofas ..." o que foi uma risada completa... e em resposta leram em voz alta, para ver se o "calouro percebia", e trocando todos os "s" pelo som de "f" : "Af coufaf arduaf e luftrofaf...".

A história tem outras variantes... um lente que na "Aula Magna", perante o Rei (e perante "os Reis" em imagem), terá feito uma leitura "singular" da mesma estrofe de Os Lusíadas, pela edição original, dado que era muito culto. E aqui fica a reprodução da edição:

E pensem quanto "amorofa" terá sido a leitura...

2 comentários:

ana disse...

Post delicioso, pela graça da história, que corre por Coimbra, e o humor inteligente.

hmj disse...

Para JAD,
a noite já vai longa, mas teria muitos exemplos a juntar sobre o "meu" - "efforçado" cauallero Don Florando.