Tenho estado a ler este livro de Eduardo Pitta (inicialmente publicado pela Quidnovi, em 2007) que faz parte da Biblioteca de Verão que o DN está a "oferecer" aos seus leitores. Este retrato de uma Lisboa snob está a ser uma surpresa, embora o livro me pareça também um pouco pretencioso. Se tivesse disponibilidade, podê-lo-ia ter lido de um fôlego.
«Rupert sentia-se bem a viver em Lisboa, e gostava dos portugueses, embora a vida portuguesa continuasse a ser para ele um mistério insolúvel. Por graça, mais de uma vez dissera que o Instituto devia promover um seminário sobre as indiossincrasias dos índígenas. "O que não faltam são tópicos", assegurava. Um deles era o vício do café. De facto, ir à rua de propósito, nunca menos de três vezes por dia, com o propósito de tomar a famosa bica, parecia-lhe uma obsessão colectiva. O tipo de hábito que um estrangeiro fixa.» (p. 29)
«Os convidados circulavam com natural à-vontade de sideboard para sideboard, salvo a escorregadia Marinela Beato, que só comia frios e estava metida numas calças brancas de fibra e num colete de cetim fúcsia que comprimia o peito magro e acentuava o ar canalha de trapezista social. Andava num corrupio a servir-se de doses homéricas de macedónia de pepinos doces e carpaccio de abacaxi.» (p. 45)
A seguir irei ler a Carmen, de Mérimée. Pode ser que venha a integrar esta secção.
5 comentários:
Curiosamente, vi-o na mão de outro prosimetronista ainda há poucos dias!
Sobre o livro: Quando o li, disse ao autor que alguns dos diálogos me pareciam pouco verosímeis mesmo no meio social em causa, mas ele não reagiu lá muito bem...
Quem o ler, que julgue por si. Mas é uma boa história.
Terá sido na mão de um um certo leitor do DN que sei que também o anda a ler?
Como esse meio da snobeira me é distante...
Parece vagamente chato...
Já o li. Talvez os excertos não sejam os melhores (desculpe, MR).
Não é grande livro, mas lê-se bem. E, Maria, é tudo menos chato.
Talvez tenha razão, Miss Tolstoi. :)
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