Prosimetron

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Para Malangatana: À laia de homenagem


Malangatana - Mural
Maputo, Centro de Estudos Africanos

A CORUJA

A coruja agoira-me
e diz-me que nunca chegarei
além onde o desejo me leva
e assim evapora-se o sonho;

O tambor foi tocado
na noite densa do feitiço
enquanto Kokwana* Muhlonga
apitava o Kulungwana* mortal;

Na noite sem estrelas
dois gatos pretos iluminaram
a cabana da Kokwana Hehlise
que morreu depois dos gatos terem miado.

Eu lutando comigo só
é impossível vencer as ondas
que feiticeiramente me esboçam
as corujas, gatos e tambores.

Malangatana Valente - Vinte e quatro poemas. Lisboa: ISPA, 1996, p.35

Lembro-me de Malangatana e da sua pintura, desde sempre. Penso que o meu primeiro contacto vivo com a pintura africana foi através das suas obras.
As suas poesias só conheci recentemente.

Tudo acompanhado de música moçambicana: David Macuácua e a banda Ghorwane, fundada há 27 anos.

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