Joana Vasconcelos
«Eu gosto tanto de ti que tenho vergonha de mim. Há todas as razões boas para eu não gostar de ti, menos a de eu não gostar, porque gosto. É fantástico a gente sentir o que não quer e ter um coração independente.»
Fernando Pessoa
(Apontamento escrito na dobra de um envelope, em data incerta.)
No rescaldo do dia de ontem e da visita à expo sobre Pessoa, que me deu uma vontade danada de o reler. Parece-me ser mesmo esta a maior virtualidade desta mostra: pôr pessoas que nunca o leram, ou o conhecem mal (quem o conhece bem?) a lê-lo.
Não me parece que Pessoa fosse muito dado ao Fado. Apesar disso, aqui fica a Amália
Não me parece que Pessoa fosse muito dado ao Fado. Apesar disso, aqui fica a Amália
Estranha forma de vida
Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.
Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.
Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.
Eu não te acompanho mais:
pára, deixa de bater.
Se não sabes aonde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.
Boa noite!
4 comentários:
Houve uma geminação "tangencial"..:-)
Ora, então, muito boa noite!
Como é que eu não me lembrei de, no dia 14, colocar um coração em filigrana ( ao menos !...) .
O Pessoa está está sempre ao lado da minha pessoa.
Leio, releio...
Bom dia!
Eu acho que Pessoa e Amália têm muito em comum.
Adoro ler pessoa e adoro ouvir a Amália.
E adorei este post.
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