Prosimetron

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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Ainda Narciso


Ah! como ter-te e não te possuir
é cruel: imagem, espelho, o meu reverso,
o outro lado de mim, de ti o anverso,
a imortal beleza de um começo
na beleza mortal de cada recomeço.

Narciso, Lís, Coroa de Cnossos,
a morte que sustenho enfim virá
que não vieste e de mim, imagem, espelho,
mais nada restará do que destroços
e o eco de um adeus: meu bem amado,
inutilmente amado, adeus.

João Mattos e Silva
"Marítimo Caminho", Tertúlia, 1977

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah!... o Narciso de Caravaggio, adoro esta pintura.
O poema já conhecia devido à sua gentileza.
É bonito!
A.R.