Este retrato de Gian Gerolamo Grumelli (Il cavaliere in rosa) é da autoria de Giovan Battista Moroni. O pintor italiano nasceu em Albino, próximo de Bergamo, provavelmente no ano de 1522. Completou os seus estudos em Brescia e Trento, onde, durante o Concílio, estabeleceu contactos com pintores de renome da época.
Após o regresso a Bergamo, "diversificou" o seu espólio, inicialmente composto de obras sacras, ao dedicar-se à arte do retrato. Introduzido nos círculos intelectuais de Bergamo, à volta da poetisa Isotta Brembati, a segunda mulher de Grumelli, Moroni tornou-se no retratista “oficial” da nobreza local. Seguiu o ideal do retrato maneirista, em particular, a obra de Tiziano, cujo retrato de Filipe II serviu de inspiração para “Il cavaliere in rosa”.
O esplendor desta peça realça a elevada posição social de Grumelli em todos os seus pormenores: a importância e o estatuto de Gian Gerolamo Grumelli na sociedade norte-italiana da primeira metade do século XVI evidenciam-se na preciosidade e sumptuosidade do vestuário, quer nos tecidos quer nas cores escolhidas, bem como na pose altiva e na expressão de orgulho e satisfação com que o retratado se dirige ao espectador. A fortuna da família Grumelli provinha do comércio com a seda que revemos no guarda-roupa do nosso cavaleiro.
Contudo, a exuberância, manifesta no poder e na riqueza, é atenuada pelo pintor através de alguns detalhes escondidos, mas não menos interessantes: a inscrição “mas el caguero que el primero” (antes o último do que o primeiro), abaixo de uma imagem do Antigo Testamento, bem “popular” na arte iconográfica medieval e renascentista e que nos mostra a ascensão do profeta Elias, a ser elevado ao Céu e entregando o seu manto ao profeta Eliseu. A estátua partida simboliza a efemeridade tanto da vaidade como de todos os seres e objectos terrestres – talvez um “apelo” à humildade?
Giovan Battista Moroni terá pintado este retrato por volta de 1560. A obra integra a colecção Collezione Conte Moroni em Bergamo.
Fonte: Laura Lanzeni, Titian to Tiepolo, Three Centuries of Italian Art, Itália, 2001
1 comentário:
Belíssimo o retrato: "Il cavaliere in rosa".
Não só na janela e paisagem que revela a perspectiva, como no nú exposto no chão, no enquadramento do ambiente, na expressão do retratado e, finalmente no rosa escolhido para o vestuário.
Uma bela obra de arte para se espreitar num Domingo à tarde.
A.R.
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