Do meu quarto escuro levantei a janela.
E, ó milagre dos enlevos!, meus olhos abertos
ficaram mais abertos que a janela.
Num grito onde toda a minha alma eu pus,
o silêncio rasguei neste gole de luz:
É Ela!
E no bailado das imagens bailando como o vento sul,
comecei a vê-La, a senti-La… E tudo se mudava:
Olhei o céu. E o céu era o sangue azul
aflorando ao colo duma princesa eslava!
Olhei a montanha e a terra baixa e mole
onde a vista corre e voa e se perde…
E na montanha e na terra baixa, o sol
era um clarim de oiro agitando uma flâmula verde!
E perante a nuvem que ninguém descobre e lá vai,
exclamei, no alvoroço inexplicável e franco
dos grandes doidos do mundo; olhai
a Mulher de Espuma à garupa dum ginete branco!
Luís da Veiga Leitão
In: Poesia completa. Porto: Asa, 2005
1 comentário:
É bonito como as acácias floridas que colocou. Às vezes faço propositadamente uma estrada só para ver aquelas flores amarelas que resplandecem.
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