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sábado, 7 de março de 2009

Uma recordação de Infância de Leonardo da Vinci, Sigmund Freud.

Leonardo da Vinci sempre me atraiu por causa da sua versatilidade. Em Roma vi uma exposição das suas máquinas e um filme sobre a sua vida e obra.
Quando vi o livro de Freud intitulado: "Uma Recordação de Infância de Leonardo da Vinci" não pude deixar de o trazer comigo.
Acerca do livro Freud afirma: " é a única coisa bela que escrevi".
Este livro, escrito em 1910, constituiu uma primeira abordagem psicanalítica sobre a criação artística.
A partir da decadência do poderio de Lodovico Moro, Leonardo teve que deixar Milão e partiu para França onde levou uma existência agitada e sem brilho. O humor ter-se-á tornado mais sombrio. Os seus interesses passaram da arte para a ciência, o que deve ter contribuído para alargar o fosso entre si próprio e os seus contemporâneos.
“Quando dissecava cadáveres de cavalos e de seres humanos, construía máquinas voadoras, estudava a nutrição das plantas e a sua reacção aos venenos, afastava-se bastante dos comentadores de Aristóteles e aproximava-se dos desprezados alquimistas”.

Qual será a recordação de infância?

Sigmund Freud, Uma Recordação de Infância de Leonardo da Vinci, Lisboa: Relógio de Água, 2007, p. 9

5 comentários:

LUIS BARATA disse...

A recordação de infância prende-se com o quadro que está na capa do livro. Apesar de algumas reticências que tenho em relação a Freud, este é um texto que me convence especialmente se tivermos em conta tudo o que se sabe sobre o quadro. E mais não digo.

ana disse...

Também tenho reticências em relação a Freud mas adoro este quadro e mais tarde falarei nele...

Anónimo disse...

Nunca li este livro. Acho que vou fazê-lo.
M.

Anónimo disse...

"Tudo começou quando Freud adivinhou no ambíguo sorriso das mulheres pintadas por Leonardo da Vinci a ternura sublimada mas inquieta por uma mãe longínqua."

Anónimo disse...

Tudo começou quando Freud adivinhou no ambíguo sorriso das mulheres pintadas por Leonardo da Vinci a ternura sublimada mas inquieta por uma mãe longínqua.

Da leitura do livro de Sigmund Freud “Uma recordação de infância de Leonardo da Vinci” (Relógio D’Água Editores, Setembro 2007) ressalta o quanto a ausência da mãe do grande artista Renascentista o influenciou e limitou em alguns dos aspectos da sua vida enquanto homem e enquanto artista, tornando-o num “menino triste”.
De facto, como escrevi num dos primeiros posts deste Blog, uma criança pode tornar-se numa “criança triste” se não crescer nos braços da sua mãe, ou se não vir os seus sonhos tornarem-se realidade.
Com efeito, Leonardo da Vinci, que se sabe ser filho ilegítimo de Ser Piero da Vinci, notário, e de Caterina que era provavelmente camponesa, à qual foi arrancado quando tinha a idade entre três e cinco anos, para ir viver com o pai e com a terna e jovem madrasta Donna Albiera, a mulher de seu pai.

Leonardo terá guardado saudade imensa da sua mãe, que terá reencontrado quando tinha 41 anos, em 1493, quando esta o foi visitar a Milão. Reencontro infeliz, já que Caterina adoeceu e veio a falecer; as notas tomadas por Leonardo quanto às despesas com o seu funeral assim o confirmam.

Freud, através da observação dos sorrisos das figuras femininas pintadas em A Virgem com o Menino e Stª Ana (c. 1508-1513)consegue ver neles o mesmo sorriso que Leonardo pintou no quadro Mona Lisa del Giocondo. Segundo o autor, o sorriso de Mona Lisa terá despertado em Leonardo, já adulto, a recordação da mãe dos seus primeiros anos de infância.
[...]Quando Leonardo, chegado ao apogeu da sua vida, voltou a encontrar o sorriso de bem-aventurado êxtase que outrora animara a boca da sua mãe quando ela o acariciava, encontrava-se desde há muito sob o domínio de uma inibição que lhe proibia voltar a desejar tais carícias dos lábios de uma mulher. Mas tornou-se pintor e por isso esforçava-se por reproduzir com o pincel este sorriso em todos os seus quadros, e não só naqueles que ele próprio executou mas também nos que fez executar pelos seus discípulos, sob a sua orientação, tais como a Leda, o S. João Baptista e o Baco.[...]
J. Mascarenhas