Prosimetron

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segunda-feira, 21 de julho de 2008

Ainda Alexandre

"Alexandre o Grande", Museu Britânico, Londres


Na expectativa das referências bibliográficas do Luís ("Fogo do Céu" e "O Jovem Persa" da Mary Renault? Ou mesmo Plutarco?), não resisto a umas pitadas sobre esse Alexandre "Magno". Eu confesso-me desde já como um devoto do Alexandre-mito.

No entanto, o meu gene provocateur impele-me a ir buscar as 2.000 cruxificações dos residentes de Tiro, o genocídio (incluindo os velhos e os doentes) da campanha da Índia ou o homicídio de leais conselheiros quando emergiam intrigas - e dos seus familiares, por muito leais que fossem, para evitar vinganças. Passariam quase dois milénios até Maquiavel passar a escrito esses princípios da governação no seu "O Príncipe". Até a prática dos casamentos entre Gregos e Persas, lida como uma forma gentil de gerar a amizade entre os povos, está hoje mais do que documentada como sendo a forma mais eficaz de neutralizar um povo, por absorção e ocupação das terras (vejam-se o Kosovo por parte da Albânia ou a Catalunha pelos Castelhanos). Aliás, não é à toa que os Iranianos ainda se referem a Alexandre como "o demónio", cujo objectivo era a destruição da cultura persa.

Enquanto devoto, porém, tendo a considerar como menores as barbaridades supra-indicadas. Termino com um extracto do testamento desse Alexandre III da Macedónia, segundo Diodorus,
  • The completion of a pyre to Hephaestion;
  • The building of "a thousand warships, larger than triremes, in Phoenicia, Syria, Cilicia, and Cyprus for the campaign against the Carthaginians and the other who live along the coast of Libya and Iberia and the adjoining coastal regions as far as Sicily";
  • The building of a road in northern Africa as far as the Pillars of Heracles with ports and shipyards along it;
  • The erection of great temples in Delos, Delphi, Dodona, Dium, Amphipolis, Cyrnus and Ilium;
  • The construction of a monumental tomb for his father Philip, "to match the greatest of the pyramids of Egypt";
  • The establishment of cities and the "transplant of populations from Asia to Europe and in the opposite direction from Europe to Asia, in order to bring the largest continent to common unity and to friendship by means of intermarriage and family ties."
São prioridades curiosas -- a mescla do pessoal com o político e o religioso, a inevitável pergunta pequenina de "E se Alexandre tivesse vivido mais tempo, como seria hoje a Península Ibérica?"

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