Prosimetron

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sexta-feira, 25 de julho de 2008

Underdogs



A comédia Underdogs, em cartaz nos cinemas alemães desde ontem, teve uma estreia, no mínimo, curiosa. No passado dia 21 de Julho, foi apresentada, pela primeira vez, num estabelecimento prisional de Berlim, mais concretamente em Moabit que viveu o seu “auge” na década de 70 no contexto terrorista das Brigadas Vermelhas Alemãs. Num ambiente naturalmente pouco cinéfilo, faltou o glamour próprio de uma estreia. Contudo, a ausência de estrelas e estrelinhas ou de uma after-party excêntrica foi compensada pela atenção que a comunicação social dedicou a este acontecimento.

O realizador Jan-Hinrik Drevs fez-se acompanhar de alguns actores e do protagonista principal, um cão labrador de 2 anos e de nome Klaus. 50 detidos sentiram-se privilegiados ao assistir à exibição do filme, projectado para um écran provisório. E à semelhança de uma estreia “normal”, ouviram-se os bravos (e os assobios também).

A narrativa de Underdogs é baseada em experiências realizadas em prisões norte-americanas. Os estabelecimentos adquirem cachorros que deverão contribuir para a reinserção social dos detidos. Estes, por sua vez, “adoptam” as criaturas com a finalidade de as educar e treinar para futuros cães-guia de cegos. A responsabilidade de tal tarefa e o afecto que eventualmente se desenvolve entre homem e animal poderão ser ingredientes úteis à ressocialização posterior.

Sugestionado por estes projectos, Drevs pôs mãos à obra, e o resultado é Underdogs: O leading man da película é o detido Mosk, homem introvertido e pouco afável, que se prepara para uma competição de desporto “intra-muros”. Quando lhe é atribuído o “piqueno” Klaus, a indignação é grande, e Mosk trata Klaus simplesmente pelo nome Hund (cão). Mas à medida que a história vai decorrendo, Mosk descobre o seu lado social e afectivo, acabando por baptizar o cachorro pelo nome de Grappa, pois Mosk sonha em viajar à Itália num futuro longínquo.

“O filme tocou-me”, assim o diz Ralph, “residente” em Moabit e um dos 50 espectadores contemplados. O assistente social Bernd mostra-se impressionado pela sensibilidade que o filme transmite. “Uma prisão é um local frio, e se um cão for capaz de suscitar sentimentos nos detidos, então a mensagem do filme é notável.”

Por último: o nome Klaus não se deve a um acaso. O labrador, na sua vida real elemento do agregado familiar de Drevs, é homónimo do actor Klaus – Klaus Kinski. No entanto, Klaus “porta-se bem melhor do que Kinski”, assim afirma Drevs

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