Um soneto de Petraca
Come 'l candido pie' per l'erba fresca
i dolci passi onestamente move,
vertù che 'ntorno i fiori apra e rinove
de le tenere piante sue par ch'èsca.
Amor, che solo i cor leggiadri invesca
né degna di provar sua forza altrove,
da' begli occhi un piacer sí caldo piove,
che'i' non curo altro bem né bramo altr'èsca.
E co l'andar e col soave sguardo
s'accordan le dolcissime parole,
e l'atto mansueto, umile e tardo.
Di tai quattro faville, e non già sole,
nasce 'l gran foco, di ch'io vivo et ardo,
che son fatto un augel notturno al sole.
Na tradução de Vasco Graça Moura:
Quando na erva fresca alvo pé vai
e doce passo honestamente move,
virtude que abra as flores e as renove
dir-se-ia que das ternas plantas sai.
Amor, que os corações ledos atrai,
nem noutro lado a sua força prove,
de olhos belos prazer tão quente chove,
que outro bem ou manjar não me distrai.
E com andar e olhar de doce gosto
cada dito dulcíssimo se afoite
e o porte manso, humilde e bem composto.
E em quatro chamas, tais, juntas, se acoite
este mor fogo em que ardo e vivo posto,
tal como ao sol um pássaro da noite.
(in: As Rimas de Petrarca, Lisboa, Bertrand, 2003, p. 470-471)
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