A 20 de Julho de 1944, um grupo de oficiais à volta de Claus Schenk Conde de Stauffenberg e de Henning von Treschkow levaria a cabo a “Operação Valquíria”, tentando pôr fim à vida de Hitler e derrubar o regime. O fracasso do atentado marcou o fim trágico da resistência contra o Führer . Às 0.15 h de 21 de Julho, von Stauffenberg e mais três dos conjurados foram executados por fuzilamento. À excepção de poucos oficiais envolvidos na operação, todos os outros militares, e muitos dos seus familiares, viriam a ser condenados à morte nos dias seguintes. 110 pessoas terão perdido a vida.
A Alemanha iniciou o confronto crítico com o capítulo mais negro da sua história na segunda metade da década de 60. O período entre 1933 e 1945 permaneceu um tabu quase absoluto durante os anos 50 em que o país concentrava todos os seus esforços na recuperação económica. O Wirtschaftswunder (milagre económico) servia de pretexto para abafar uma discussão aberta sobre a agressão alemã durante a Segunda Guerra Mundial e o extermínio de seis milhões de judeus, entre outros fenómenos horrendos do Terceiro Reich.
A geração de Maio de 68 quebrou esse tabu e exigiu explicações aos seus pais e avós. As vítimas da resistência tornaram-se, pouco a pouco, conhecidas da consciência pública, entre elas, evidentemente, von Stauffenberg. Contudo, a discussão estava longe de ser unânime: von Stauffenberg e seus ajudantes, heróis para uns, eram traidores para outros. A título de exemplo, refira-se que a opinião pública alemã estava profundamente dividida em 1969 quanto à “idoneidade” de Willy Brandt: teria um adversário do regime nazi, eventualmente “estigmatizado” como “traidor à pátria”, legitimidade suficiente para o cargo de um chanceler?
Hoje em dia, os movimentos de resistência são abordagem obrigatória nas aulas de história. A enorme oferta de literatura, de filmes ou documentários televisivos dos últimos 30 anos sensibilizou a Alemanha para a importância de prestar o tributo devido às vítimas e a reconhecer a coragem inimaginável com que estas personalidades seguiram os seus ideais e princípios.
Quase desconhecida continua, no entanto, a vida dos familiares desses heróis, tais como o percurso de Nina Schenk Condessa de Stauffenberg, esposa do oficial.
Konstanze von Schulthess, filha mais nova de Nina e Claus, publicou há poucos meses uma biografia sobre a sua mãe. Konstanze, nascida a 27 de Janeiro de 1945 em prisão, recorreu às longas conversas havidas com sua mãe, a documentos secretos e outras fontes do fórum familiar. De forma impressionante e comovente, narra os dias e os meses após o atentado, a angústia de uma mãe que, separada dos seus quatro filhos, é retida provisoriamente numa prisão e depois deportada para o campo de concentração de Ravensbrück.
Ficou, assim, um testemunho histórico notável para a posteridade.
Alguns excertos desse livro, intercalados com a biografia de Nina, serão tema de uma "mini-série", dedicada a esta senhora extraordinária e fascinante. Ao longo dos próximos domingos, a vida de Nina Schenk Condessa de Stauffenberg será partilhada com os caros leitores.
A Alemanha iniciou o confronto crítico com o capítulo mais negro da sua história na segunda metade da década de 60. O período entre 1933 e 1945 permaneceu um tabu quase absoluto durante os anos 50 em que o país concentrava todos os seus esforços na recuperação económica. O Wirtschaftswunder (milagre económico) servia de pretexto para abafar uma discussão aberta sobre a agressão alemã durante a Segunda Guerra Mundial e o extermínio de seis milhões de judeus, entre outros fenómenos horrendos do Terceiro Reich.
A geração de Maio de 68 quebrou esse tabu e exigiu explicações aos seus pais e avós. As vítimas da resistência tornaram-se, pouco a pouco, conhecidas da consciência pública, entre elas, evidentemente, von Stauffenberg. Contudo, a discussão estava longe de ser unânime: von Stauffenberg e seus ajudantes, heróis para uns, eram traidores para outros. A título de exemplo, refira-se que a opinião pública alemã estava profundamente dividida em 1969 quanto à “idoneidade” de Willy Brandt: teria um adversário do regime nazi, eventualmente “estigmatizado” como “traidor à pátria”, legitimidade suficiente para o cargo de um chanceler?
Hoje em dia, os movimentos de resistência são abordagem obrigatória nas aulas de história. A enorme oferta de literatura, de filmes ou documentários televisivos dos últimos 30 anos sensibilizou a Alemanha para a importância de prestar o tributo devido às vítimas e a reconhecer a coragem inimaginável com que estas personalidades seguiram os seus ideais e princípios.
Quase desconhecida continua, no entanto, a vida dos familiares desses heróis, tais como o percurso de Nina Schenk Condessa de Stauffenberg, esposa do oficial.
Konstanze von Schulthess, filha mais nova de Nina e Claus, publicou há poucos meses uma biografia sobre a sua mãe. Konstanze, nascida a 27 de Janeiro de 1945 em prisão, recorreu às longas conversas havidas com sua mãe, a documentos secretos e outras fontes do fórum familiar. De forma impressionante e comovente, narra os dias e os meses após o atentado, a angústia de uma mãe que, separada dos seus quatro filhos, é retida provisoriamente numa prisão e depois deportada para o campo de concentração de Ravensbrück.
Ficou, assim, um testemunho histórico notável para a posteridade.
Alguns excertos desse livro, intercalados com a biografia de Nina, serão tema de uma "mini-série", dedicada a esta senhora extraordinária e fascinante. Ao longo dos próximos domingos, a vida de Nina Schenk Condessa de Stauffenberg será partilhada com os caros leitores.
4 comentários:
E brevemente teremos nas salas de cinema " Operação Valquíria " , onde Tom Cruise interpreta o mítico Conde Stauffenberg.
Esta criada a expectativa para os relatos de Domingo!
Esta criada a expectativa para os relatos de Domingo! E eis-nos metamorfoseados em raposas de Saint-Exupery.
Muito obrigada, que leitura agradável, adorei seus textos, Parabéns!
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