Prosimetron

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sábado, 2 de agosto de 2008

Roméo et Juliette em Salzburgo

A antiga Escola de Equitação (Felsenreitschule) de Salzburgo foi descoberta por Max Reinhardt para o teatro. Por Herbert von Karajan para a ópera. Mas nunca Romeu beijou a sua Julieta neste magnífico espaço...

Há instantes, terminou a estreia de Roméo et Juliette de Charles Gounod desta edição do Festival de Salzburgo, transmitida em directo através de um canal cultural de televisão. A obra, composta em cinco actos, tem libretto de Jules Barbier e Michel Carré.

A Escola foi palco desta produção extraordinária: o jovem canadiano Yannick Nézet-Séguin dirigiu a orquestra Mozarteum Orchester Salzburg e o coro Konzertvereinigung Wiener Staatsoper que estiveram à altura da sonoridade e majestosidade orquestral que Gounod exige nesta obra. A encenação ficou a cargo de Bartlett Sher que já deu provas do seu talento, quer em ópera (Met de Nova Iorque) quer em musical. Optou-se por um cenário adequadamente conservador, transposto para o barroco do século XVIII sem pormenores rococó supérfluos.

E os protagonistas? Na perspectiva da imprensa cor-de-rosa, Rolando Villazón e Ana Netrebko formariam, seguramente, o par ideal. Dado o intervalo profissional em que a grávida Netrebko se encontra, Juliette foi interpretada pela jovem soprano Nino Machaidze de 25 anos da Geórgia. Machaidze inicia a sua presença em palco imediatamente com uma voz segura, peca, no entanto, por alguma infantilidade na sua actuação cénica - mas não nos esqueçamos que a verdadeira (?) Julieta ascendeu ao estatuto de viúva com apenas 15 jubilosas primaveras... À medida que a narrativa se desenvolve e a partir da ária Je veux vivre, descobre-se uma artista com talento promissor, tecnicamente brilhante, como se de uma vasta experiência operática já dispusesse. Machaidze convenceu e encantou o público.
Russell Braun como Mercutio e Mikhail Petrenko no papel de Frère Laurent afirmaram-se como valores seguros do universo do canto lírico.

E Roméo? Rolando Villazón - sem dúvida, um dos maiores tenores da actualidade. O brilho e o belo timbre da voz, a segurança e o domínio técnicos deste mexicano são ímpares. Como actor, Villazón dificilmente deixará alguém indiferente. Com uma naturalidade e agilidade invulgares, encarnou um Roméo que ficará na memória deste festival.
Ao longo de todo o espectáculo, Villazón vive uma paixão por Julieta que ressuscita em nós momentos de felicidade que apenas sentimos ao estarmos apaixonados.

Die Liebe ist stärker als der Tod! O amor é mais forte do que a morte! - eis o mote que a Direcção deu a esta produção de Roméo et Juliette. Com Villazón, acreditamos nesta máxima...

2 comentários:

Elenna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Em primeiro lugar quero dar-lhe os parabéns por este Blog interessantíssimo.Sou estudante de Musicologia na Universidade de Aveiro e estou a pensar em começar um trabalho de investigação sobre Hernâni Torres. Ao pesquisar no Google encontrei este blog. Será possível dizer-me onde encontrou informações sobre esta figura que me parece ter sido tão importante para a vida musical do Porto ? Peço desculpa por estar a usar o espaço destinado aos comentários para lhe fazer este pedido, mas não sei como contactá-lo de outra forma.
Muito obrigada.
Débora Costa.
debora_violinist@hotmail.com