489. Não. Eu não pertenço àquele tipo de escritores que anda com as antenas no ar, captando o que está fora: diálogos, impressões, imagens e tudo mais. Não. Enfim, não ando com um caderninho de notas para apontar uma frase interessante que tivesse escutado. Eu não preciso de estímulos exteriores. O que preciso, sim, é que a minha cabeça, por iniciativa própria, dê o pontapé de saída do jogo que vai começar. Isso leva-me a ter- para histórias que são romances- ideias um pouco estranhas: que a caverna de Platão está debaixo de um centro comercial, que as pessoas de repente decidem votar em branco... Ideias que podem estar num romance, que em princípio não são a ideia motora de um romance mas que no meu caso, sim.
- José Saramago, in Mil razões para ler um livro/3 , Alma Azul, Abril de 2009.
3 comentários:
Neste trecho acho-o vaidoso. Só consegui ler dois livros dele. Peguei há uns tempos no "Ensaio sobre a Cegueira" e não consegui passar das primeiras páginas.
Estímulos do exterior há sempre, nem que seja através de sombras. O homem é um animal social.
A.R.
Pois uma das coisas que acho que Saramago tem é muito boas ideias. Li e gostei bastante de Memorial do convento, O ano da morte de Ricardo Reis e História do cerco de Lisboa. O Ensaio sobre a cegueira não li, mas gostei do filme. Boas histórias.
M.
Gostei do Memorial do Convento e do Evangelho Segundo Jesus Cristo!
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