Mosteiro de Santa Clara: "as duas fundações"xA criação do Mosteiro de Santa Clara nasceu primeiro, da vontade de D. Mor Dias que lhe valeu algumas controvérsias com os cónegos de Santa Cruz, e mais tarde da vontade da Rainha D. Isabel de Aragão. x
xx
Mosteiro Santa Clara -a-Velha após as obras de recuperação
D. Mor recolhera-se em S. João das Donas, no convento feminino de Santa Cruz de Coimbra, em 1250. Porém, cada vez mais próxima dos ideais franciscanos decidira fundar um mosteiro dedicado a jesus Cristo, à Virgem, a Santa Isabel da Hungria e a Santa Clara. A escolha do local para a Ordem de Santa Clara foi a margem esquerda do rio Mondego, próximo do Convento de Santa Ana, onde era prioresa a irmã de D. Mor Dias. Os bens desta nobre estavam sob os cuidados dos Cónegos Agostinhos que viram nesta atitude a sua perda e chegaram a excomungá-la (1292).
A licença de construção foi passada a 13 de Abril de 1283. As contendas com os Crúzios determinaram alguns momentos conturbados na vida do mosteiro, chegando a intervir os reis D. Dinis e D. Isabel de Aragão. A Rainha passou a ser sua conservadora e protectora em 1307, tentou estabelecer a paz com o prior de Santa Cruz mas acabou por dividir os bens de D. Mor entre os fanciscanos e os crúzios e fechou o mosteiro. Acabava assim, o primeiro capítulo da história do Mosteiro de Santa Clara.
x
Todavia, a rainha D. Isabel resolveu continuar o projecto de D. Mor Dias, por isso, pediu ao Papa autorização para fundar uma Ordem de Santa Clara, em Coimbra. Adquiriu algumas propriedades confinantes com o terreno onde D. Mor havia erguido o seu mosteiro para erguer um novo edifício. Sucederam-se mais controvérsias e negociações que não abordarei. D. Isabel obteve licença em 1314 para fundar a ordem. Em 1318, D. Dinis toma sob sua protecção o mosteiro. Após a morte de D. Dinis, em 1325, a Rainha vestiu o hábito de Santa Clara, então, o mosteiro tornou-se a casa de profissão e recolhimento da nobreza. As cheias do Mondego invadiram, o edifício, em 1331; D. Isabel mandou construir um andar sobrelevado. Após a morte de D. Isabel o mosteiro ganhou fama. No entanto, em 1647, devido às cheias do rio, D. João IV assina o Alvará para as clarissas mudarem para o novo mosteiro, no Monte da Esperança.
O museu divide-se em três espaços: o museu propriamente dito com espólio do mosteiro; uma sala onde passa um filme com a história do edifício e da Ordem e, finalmente, uma sala com o tema: o mosteiro e sua convivência com a água, que se resume a uma projecção com imagens das primeiras escavações, das cheias e da vitória do edifício graças à engenharia.
O passeio terminou no café do Museu que é explorado pela Quinta das Lágrimas com o pastel de Santa Clara, um bolo divinal.
x
Este edifício é o do museu, da loja e do café e fica distante do Mosteiro
x
As breves notas sobre o mosteiro foram retiradas da leitura da monografia:
Mosteiro de Santa Clara de Coimbra. Do convento à ruína, da ruína à contemporaneidade, Coimbra: Direcção Regional de Cultura do Centro, 2008. (Coord. Artur Côrte-Real, Coord. científica Lígia Inês Gambini).
4 comentários:
Peço desculpas por me ter alongado. Mesmo assim, fui superficial porque há tanto a dizer!
De todo! Também lá fui no verão passado, uns vinte e cinco anos depois de ter entrado, ao nível do coro alto e no meio de silvas, pela primeira vez.
Foi uma recuperação notável e a articulação com o centro de interpretação está muito bem feita (embora o trajecto entre um e outro seja melhor de fazer no verão...).
O que estará ainda enterrado, a leste e a norte?
Tenho umas fotos interessantes, muito "aquáticas", de 1985...
APS,
Por favor coloque as suas fotos. No núcleo acerca da "Convivência do mosteiro com a água", mostram umas imagens mas não se pode tirar fotografias.
:)
JP,
Estava um dia horrível de chuva mas precisava de fazer aquele passeio de certo modo espiritual. Não encontrei ninguém para fazer umas perguntas mas ainda deve estar muita coisa soterrada.
Enviar um comentário