Prosimetron

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domingo, 13 de junho de 2010

Arrumando livros


Tentando dar ordem à desordem da desarrumação em que está o meu escritório, agarrei num dos últimos Craesbeck comprados e estive a namorá-lo. Confesso que não me recordo do lugar onde o comprei, nem do preço. Por esquecimento não o assinalei... e a minha memória está em farrapos (pode ser que ainda lá consiga chegar, uma vaga ideia aponta-me para um alfarrabista na Rua Laura Alves...).
Trata-se de um livrinho raro (que já o era em meados do século XIX, dado que Inocêncio escreveu, no tomo V, p. 302, do seu Diccionario Bibliographico [1860, p. 302]: «É opúsculo raro, do qual hei visto apenas dois ou três exemplares»). Eu apenas consegui localizar exemplares na Biblioteca da Universidade de Coimbra.
Trata-se do Discurso Politico e Militar Emblema , escrito pelo Mestre de Campo Luís Lourenço de Sampaio, impresso em Lisboa, por António Craesbeck de Melo, no ano de 1670. O seu formato é in 4.º de [16]+ 19 [1 br] ([= 36 p.]). A melhor beleza do livrinho - para além da filosofia e dos conselhos para a guerra que então se vivia com Espanha - encontra-se em duas gravuras, sem autoria indicada. Uma, na p [3], representando as Armas de D. António Luís de Meneses, Conde de Cantanhede e Marquês de Marialva; a outra, um humano vencendo um leão, na p 7, é acompanhada com a legenda "Facilius Leonem quam propositionem", seguida de um texto explicativo, com aplicações à filosofia defendida, que começa assim:
Isto suposto [a frase], seja o argumento deste nosso Emblema, o quanto é mais útil aos Estados (ainda que poderosos) para sua conservação, exércitos medianos bem disciplinados e regidos, que os copiosos mal dispensados: quero dizer, que nem o exército há-de ser de sorte, que dele se não confie algum bom sucesso, como nem tão demasiado, que ainda que consiga a vitória, fique vencido da necessidade.

3 comentários:

ana disse...

Belo post.

MR disse...

Espero que esta rubrica seja para continuar.
Parabéns!

APS disse...

Um modesto amador ignorante, leigo quase na matéria, rústico amador "destas coisas", confessa-se fascinado.