No claustro da igreja Santi Quattro Coronatti, Roma
A ROSA
Tenho uma rosa toda
Aberta na minha mão.
Só uma rosa. À roda
Nem folhas nem espinhos dão.
Tenho uma rosa.
Ter uma rosa
É muito. E tê-la,
Como eu a tenho já,
É vê-la
E bem saber que chão a dá.
Já sensação de rosa, e a tarde
Toda passada como flor
Ao que na rosa arde,
Ao seu tamanho e ao seu amor.
Já minha mão como se rosa
Houvesse sido a recebê-la,
E nada mais do que uma rosa
A própria vida e o revivê-la.
Ali aberta, a sua entrega
É dar-se pelo que fora
E o não saber se o perfumar
A minha vida melhora.
(A rosa que não se nega
Seja por alma do mar!)
Exactamente rosa, toda
Como são rosas que não vêm
Senão vierem para toda a boda
Que uma só vez nossa alma tem.
Vitorino Nemésio
In: Poesia. Lisboa: IN-CM, 2007, p. 202-203
Tenho uma rosa toda
Aberta na minha mão.
Só uma rosa. À roda
Nem folhas nem espinhos dão.
Tenho uma rosa.
Ter uma rosa
É muito. E tê-la,
Como eu a tenho já,
É vê-la
E bem saber que chão a dá.
Já sensação de rosa, e a tarde
Toda passada como flor
Ao que na rosa arde,
Ao seu tamanho e ao seu amor.
Já minha mão como se rosa
Houvesse sido a recebê-la,
E nada mais do que uma rosa
A própria vida e o revivê-la.
Ali aberta, a sua entrega
É dar-se pelo que fora
E o não saber se o perfumar
A minha vida melhora.
(A rosa que não se nega
Seja por alma do mar!)
Exactamente rosa, toda
Como são rosas que não vêm
Senão vierem para toda a boda
Que uma só vez nossa alma tem.
Vitorino Nemésio
In: Poesia. Lisboa: IN-CM, 2007, p. 202-203
1 comentário:
...E vão duas (rosas)!
A flor e o poema.
Bom dia, MR.
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