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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que vai acontecer à Sá da Costa?

Valor base de 175 mil euros

Finanças põem a leilão livraria Sá da Costa no Chiado

Ana Brito

As Finanças puseram a leilão a livraria Sá da Costa, em Lisboa, por um valor base de 175 mil euros.

O fisco começou a aceitar no mês passado propostas para a conhecida livraria lisboeta que ocupa o rés-do-chão e o primeiro andar do número 100 da Rua Garrett, no Chiado, e o apuramento dos resultados terá lugar no dia 8 de Novembro.
A penhora da livraria (com as respectivas licença, alvará, direito ao arrendamento e trespasse "e todos os armários/prateleiras, existentes em todas as paredes do rés-do-chão do estabelecimento e que cobrem as mesmas em toda a sua extensão", como refere a notificação das Finanças) é mais um desenvolvimento no complicado processo que envolve a Sá da Costa, a editora e livraria de António Sá da Costa, e cuja gestão foi entregue em 2008 à Fundação Agostinho Fernandes (FAF), de Dinis e Sérgio Nazareth Fernandes, netos de Agostinho Fernandes, fundador das conservas Algarve Explorador e, em 1942, da Portugália Editora.
A aquisição da Sá da Costa pela FAF nunca chegou a concretizar-se, pois estava dependente da venda por Dinis Nazareth Fernandes dos terrenos de Matosinhos onde se encontram as antigas instalações da conserveira, o que nunca aconteceu. Dívidas à banca, ao Estado, a antigos colaboradores e a fornecedores afectam agora a empresa, que em Janeiro foi alvo de um pedido de insolvência, estando em causa, segundo o Jornal de Negócios, dívidas superiores a 130 mil euros.
O PÚBLICO tentou sem sucesso contactar a FAF e António Sá da Costa. As propostas pela livraria - que desde 1943 tem portas abertas na Rua Garrett, a zona comercial mais cara de Lisboa e onde o aluguer do metro quadrado está avaliado em 80 euros por mês, segundo a Cushman & Wakefield - podem ser entregues até 8 de Novembro.

(Público, 20 Out. 2010)


Foto Alberto Carlos Lima, 1913
PT/AMLSB/AF/LIM/002591

6 comentários:

JP disse...

Ah, que má notícia! Bem, há décadas que me espantava a sobrevivência da livraria, que tinha parado no tempo. Mas eram muito atenciosos e aquela prateleira, ao fundo, com as edições Sá da Costa, davam um sabor muito especial. A última vez que lá fui, havia umas salas que davam um pouco um ar de venda a peso...
Mas é sempre pena, o desaparecimento de mais um espaço identificativo do Chiado

ana disse...

Lamentável!

LUIS BARATA disse...

E tinham umas revistas, literárias sobretudo, que nem sempre se encontravam moutras livrarias.
Mas a verdade é que o Chiado, ao contrário de outras zonas da cidade, está bem servido: Bertrand, Guimarães, Fnac, Portugal, Lello.

Miss Tolstoi disse...

Esta livraria, à porta do Metro, tinha tudo para dar certo, assim tivesse uma boa gestão. Reabriu velha. Espaço fantástico para livraria, galeria e auditório.
Ainda vamos ali ter uma daquelas lojas que todos os seis meses mudam de ramo.

MR disse...

Para mim, é uma grande tristeza se acabar como livraria. Foi durante muitos anos a minha livraria. Eram eficientíssimos com as encomendas do estrangeiro.

MR disse...

As últimas salas, JP, eram uma dor de alma [:)]. Mas houve tempo, antes do trespasse, em que estavam fechadas.
Subscrevo o comentário de Miss Tolstoi.