Foto entre 1898 e 1908
Arq. Fot. CML, PT/AMLSB/AF/FAN/001746
Foto de Horácio Novais, 194-
Arq. Fot. CML, PT/AMLSB/AF/HNV/S00082
Foto de Armando Serôdio, 1958
Arq. Fot. CML, PT/AMLSB/AF/SER/I00254
O Palácio da Flor da Murta está situado na R. Poço dos Negros, esquina com a Rua de S. Bento. Não tenho passado por lá, mas há tempos estava em obras.
Vejamos o que dele nos diz Norberto de Araújo, nas Peregrinações em Lisboa (Lisboa: Vega, 1993, t. 11, p. 41-42):
«Estas "casas nobres" do Poço dos Negros estavam integradas no meado do século XVII nos bens do Morgado da Terrugem, só instituído formalmente em 1681 por Pedro Jacques de Magalhães, 1.º Visconde da Fonte Arcada (1871) [...]. Uma filha do segundo casamento daquele fidalgo, D. Ana Madalena de Vilhena, casou com D. António de Menezes de Soto Mayor, Morgado de Sousa, da casa Cantanhede, e foi deste modo que o palácio do poço dos Negros e S. Bento passou para os Meneses.
«Um D. Jorge de Meneses, desta estirpe, [...] casou com D. Luísa Clara de Portugal, uma Castelo Melhor por seu pai, D. Bernardo de Vasconcelos. Foi esta dona, que era linda, uma das favoritas de D. João V, o mais velho dos quais, D. António, no qual se continuou o vínculo e nele o Palácio do Poço dos Negros.
O penúltimo proprietário da Casa da Flor da Murta foi D. Manuel Maria de Meneses, falecido em 21 de Agosto de 1909; dele herdou a propriedade D. António de Meneses, actual senhor do imóvel*.
[...]
«Tenho razões para crer que "Flor da Murta" é designação anterior aos amores de D. Luísa Clara com o "Magnânimo", pois existia já em seiscentos um Morgado da Flor da Murta. O romance apenas deu aura ao perdido título. [...] De 1890 até 1920 toda a moradia, outrora nobre, esteve ocupada pelo estabelecimento de máquinas Street & C.ª.
«Os jardins da Flor da Murta desapareceram, e no seu lugar se construiu, há poucos anos, um barracão, que encosta à Rua Fresca, e é hoje garagem; um corredor ou pátio interior mostra ainda na parede do palácio azulejos setecentistas, com figuras recortadas, que acompanhavam os lances da escadaria que subia dos jardins ao interior do solar seiscentista, e nas salas vêem-se azulejos dos séculos XVII e XVIII, e um tecto com boa pintura que representa... Vénus e Cupido.
«A Capela, que teve invocação de N. Sr.ª do Monserrate, há algumas dezenas de anos que não tem culto, e está nua de alfaias e adornos desde 1914; ali tens o seu pórtico quase à esquina da Rua Fresca.
«Interiormente o Palácio da Flor da Murta é sonâmbulo, habitando nele vários inquilinos, e, apenas numa parte, o seu proprietário; por fora é, como notas, uma pálida invocação seiscentista.»
* A 1.ª ed. das Peregrinações é de 1938-1939.
Vejamos o que dele nos diz Norberto de Araújo, nas Peregrinações em Lisboa (Lisboa: Vega, 1993, t. 11, p. 41-42):
«Estas "casas nobres" do Poço dos Negros estavam integradas no meado do século XVII nos bens do Morgado da Terrugem, só instituído formalmente em 1681 por Pedro Jacques de Magalhães, 1.º Visconde da Fonte Arcada (1871) [...]. Uma filha do segundo casamento daquele fidalgo, D. Ana Madalena de Vilhena, casou com D. António de Menezes de Soto Mayor, Morgado de Sousa, da casa Cantanhede, e foi deste modo que o palácio do poço dos Negros e S. Bento passou para os Meneses.
«Um D. Jorge de Meneses, desta estirpe, [...] casou com D. Luísa Clara de Portugal, uma Castelo Melhor por seu pai, D. Bernardo de Vasconcelos. Foi esta dona, que era linda, uma das favoritas de D. João V, o mais velho dos quais, D. António, no qual se continuou o vínculo e nele o Palácio do Poço dos Negros.
O penúltimo proprietário da Casa da Flor da Murta foi D. Manuel Maria de Meneses, falecido em 21 de Agosto de 1909; dele herdou a propriedade D. António de Meneses, actual senhor do imóvel*.
[...]
«Tenho razões para crer que "Flor da Murta" é designação anterior aos amores de D. Luísa Clara com o "Magnânimo", pois existia já em seiscentos um Morgado da Flor da Murta. O romance apenas deu aura ao perdido título. [...] De 1890 até 1920 toda a moradia, outrora nobre, esteve ocupada pelo estabelecimento de máquinas Street & C.ª.
«Os jardins da Flor da Murta desapareceram, e no seu lugar se construiu, há poucos anos, um barracão, que encosta à Rua Fresca, e é hoje garagem; um corredor ou pátio interior mostra ainda na parede do palácio azulejos setecentistas, com figuras recortadas, que acompanhavam os lances da escadaria que subia dos jardins ao interior do solar seiscentista, e nas salas vêem-se azulejos dos séculos XVII e XVIII, e um tecto com boa pintura que representa... Vénus e Cupido.
«A Capela, que teve invocação de N. Sr.ª do Monserrate, há algumas dezenas de anos que não tem culto, e está nua de alfaias e adornos desde 1914; ali tens o seu pórtico quase à esquina da Rua Fresca.
«Interiormente o Palácio da Flor da Murta é sonâmbulo, habitando nele vários inquilinos, e, apenas numa parte, o seu proprietário; por fora é, como notas, uma pálida invocação seiscentista.»
* A 1.ª ed. das Peregrinações é de 1938-1939.
2 comentários:
Foi um magnífico complemento!
Obrigado.
Obrigada eu, pelo seu post no Arpose que despoletou este. :)
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