Prosimetron

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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Quando chegaram as cerejas a Portugal?


Aqui fica outra interrogação relacionada com cerejas que não sei responder.

Os meus amigos sabem o quanto gosto dos romances de Steven Saylor "Roma Sub-rosa". No segundo livros de contos, com o título Um Gladiador só morre uma vez, aparece uma história da introdução da cerejeira em Roma. Essa história teve uma justificação que aqui transcrevo:

«As cerejas de Lúculo» foi indirectamente inspirado por Stefan Cramme, um leitor alemão, que tem um sítio na Rede sobre ficção passada na Roma antiga (http://www.hist-rom.de/). Quando o meu editor me disse que estava a preparar uma nova edição de Sangue Romano, proporcionando-me a oportunidade de corrigir pequenos erros que o livro continha, entrei em contacto com Cramme, que tem um conhecimento enciclopédico da Roma antiga, e pedi-lhe para «dar o seu pior». Cramme informou-me da existência de um anacronismo, que até então parecia ter passado despercebido a todos os leitores de Sangue Romano. Num momento de divagação erótica, Gordiano comenta que os lábios de Betesda «pareciam cerejas». Infelizmente, como Cramme me fez saber, a maior parte dos historiadores considera que as cerejas só chegaram a Roma levadas da região do Mar Negro pelo general Lúculo, em 66 a. C. - catorze anos depois da data em que tem lugar Sangue Romano. Dado que parecia improvável que Gordiano tivesse usado as cerejas como termo de comparação, emendei a referência. Nas mais recentes edições de Sangue Romano, os lábios de Betesda são vermelhos, não como cerejas, mas como romãs - um eco, talvez não completamente feliz, de uma deixa lançada pela perversa Nefertiti (Anne Baxter) a Moisés (Charlton Heston) no clássico de campanha Os Dez Mandamentos.
Nenhum autor de romances históricos gosta que lhe detectem erros no que escreveu, pelo que o problema das cerejas em Roma continuou a incomodar-me. Investiguei melhor a difusão das cerejas em redor do Mediterrâneo, e descobri que as fontes não são inteiramente unânimes na afirmação de que as cerejas eram desconhecidas em Roma antes de Lúculo regressar da região do Mar Negro, pelo que há uma hipótese ainda que mínima - de a fantasia de Gordiano não ser, afinal, anacrónica; mas o significado mais relevante dessa investigação foi um crescente fascínio com Lúculo e a sua espantosa carreira. (A biografia de Plutarco é uma leitura esplêndida.) Nunca me tendo detido nele ao longo dos romances, decidi fazê-lo num conto, e, em simultâneo, atirar-me de cabeça ao assunto das cerejas e exorcizá-lo da mente de uma vez para sempre. Foi assim que foi concebido «As cerejas de Lúculo». O incidente do jardineiro Moto é ficcional, mas os membros do círculo de Lúculo, incluindo o filósofo Antíoco, o escultor Arcesislau e o poeta Aulo Árquias existiram de facto, e todos os pormenores pertinentes da espantosa ascensão e do triste declínio de Lúculo têm base factual.

1 comentário:

MR disse...

Difícil, mas vou procurar.