Prosimetron

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Enid Blyton, a odiosa que gostava de crianças

Excêntrica, bizarra, manipuladora, arrogante, mãe ausente... Seria mesmo assim Enid Blyton? Custa a crer que esta escritora que encantou gerações de crianças e jovens com os seus livros de aventura e mistério tivesse sido, afinal, uma megera. Desconhecia esta faceta de EB e, por isso, surpreendeu-me um filme sobre a sua vida, uma excelente produção da BBC (2009). Helena Bonham Carter deu vida à personagem. No filme Blyton é apresentada como uma mulher fria, ambiciosa e mãe distante interessando-se mais pelos seus pequenos fãs que pelas filhas. Enid casou em 1924 com Hugh Pollock - que trabalhava na George Newnes, a sua editora durante anos - mas com o casamento a desfazer-se afastou-o 19 anos depois para se casar com o cirurgião Kenneth Waters com quem vinha mantendo um relacionamento. E para lhe facilitar a vida obrigou Pollock a assumir-se como adúltero em tribunal se quisesse manter o direito de ver as filhas, direito esse que mais tarde lhe sonega e ainda consegue que o primeiro marido seja despedido da editora. A única explicação dada no filme para o seu carácter tão odioso tem a ver com a sua alegada ambição e uma infância turbulenta pelo facto do pai ter abandonado a família quando ela era pequena. EB saiu de casa muito cedo passando a ignorar a família (a mãe com quem não se dava bem e os dois irmãos). Mas, pensando bem, se analisarmos os livros de EB as pistas estão lá. Adultos ausentes com coisas mais importantes para fazer que aturar miúdos, crianças que vivem em colégios durante todo o ano e que durante as férias ficam entregues à sua sorte, enfrentando terríveis criminosos com os quais têm de lidar sozinhas ou, na melhor das hipóteses, com a ajuda de um cão. Também é impressionante a quantidade de órfãos nos seus livros. Considerações à parte, é aqui que reside toda a magia dos livros de EB para crianças; é que elas vivem absolutamente sozinhas, num mundo apenas para crianças e onde os adultos fazem apenas parte do cenário. E isso é fascinante para qualquer criança.
Em 43 anos de trabalho EB escreveu 750 livros, tendo vendido até hoje 500 milhões de exemplares. MOrreu em 1968 com demência, aquilo a que hoje se chama Alzheimer.

7 comentários:

MR disse...

Confere tudo com o que li há anos sobre Enid Blyton, excepto que ela apesar de escrever para crianças não as apreciava sobremaneira. Foi esta a ideia com que fiquei.
Quanto aos seus 750 livros falava-se que ela teria umas "redactoras" que a ajudavam. Não é feita nenhuma referência aisto no filme? Gostava imenso de o ter visto.

MLV disse...

Não, MR, não é feita referência alguma a eventuais "redactoras". Aliás, o filme dá a entender o contrário, que EB parecia ser uma "máquina" de escrever livros. De facto, parece que a escrita nela fluía com bastante facilidade e ficava furiosa quando se dizia que teria "ajudantes".

ana disse...

Os livros dela encantaram-me, divertiram-me, fizeram-me sonhar com aventuras extraordinárias. Abriu o apetite para o espírito aventureiro!
Sabia que ela não apreciava crianças por aí além, mas soube diverti-las.
Gostei muito deste post, MLV!
Boa tarde!:)

MR disse...

Então não devia ter redactoras porque a BBC costuma ser de confiança.
Fui uma grande leitora da Enid Blyton, principalmente dos Cinco. :)

Anónimo disse...

Assisti ao filme ontem à noite e notei que há referências sobre "redatoras". Na verdade, dá a entender que sua demência tem início ali. Não acreditarem que o trabalho foi dela por inteiro lhe pertuba e lhe tira o sono.

Unknown disse...

Vi o filme, gostei muito.A imaginação dela era brilhante, apesar da vida pessoal traumática.

Anónimo disse...

Gosto de dar minha opinião. Acabei de assistir o filme, e corri ao google para pesquisar sobre ela. Quando agente não sabe o que estar por trás agente segue, mas quando descobrimos o real, prosseguimos no erro se quisermos. É incontestável as histórias e a escrita literária de ENID, mas sinceramente não daria um livro dela a nenhuma criança. Ela é uma fralde, sabemos que o passado pode ter influencia no presente; mas somos nós quem decidimos se vamos continuar com isso ou não. ENID decidiu não perdoar, nem o seu passado, nem o seu presente, muito menos o seu futuro. Olha o fim desta mulher, um contraste com aquilo que ela mais fazia (leitura), a leitura enriquece; mas a Obsessão apodrece. E ELA APODRECEU.