Prosimetron

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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vinheta. 14 de Agosto.


As 48 horas de atraso, servindo de atenuante a evidência da escolha, dão-me igualmente ensejo para, por factos supervenientemente conhecidos, dar alguma substância a estas linhas.

Explicando, direi que soube ontem ter-se realizado na véspera, na vila da Batalha, o lançamento de um livro sobre o portal oeste do Real Convento de Santa Maria da Vitória, do Doutor Jean-Marie Guillouët, o qual sintetizará os resultados dos estudos de pós-doutoramento que, sobre este tema, efectuou na Universidade de Coimbra, com orientação do meu caríssimo conterrâneo e amigo (como é de pelo menos mais alguns deste blog, amigo, digo, que conterrâneo devo ser só eu :) Saul António Gomes.


"O portal de Santa Maria da Vitória da Batalha e a arte europeia do seu tempo: Circulação dos artistas e das formas na Europa gótica". A edição (passe a publicidade) é da Textiverso.

Uma "amostra" pode ainda ser encontrada em artigo publicado aqui.

Voltando à imagem de Aljubarrota, referem as crónicas que as bandeiras tomadas aos castelhanos foram enviadas à Sé de Lisboa como justos troféus. Descreve-se igualmente a forma como se arrastaram as mesmas pelas ruas da urbe lisboeta.




O ponto a que queria chegar é este: coexistindo nas bandeiras reais, ao lado dos leões e castelos, as quinas de Portugal, aparentemente ninguém colocou em causa o "abaixamento" a que se submetiam estas últimas. Indica-nos isto que, muito mais (ou até para lá) do significante, era o significado que contava para os nossos antepassados de há 626 anos?

4 comentários:

LUIS BARATA disse...

Melhor seria terem sido as bandeiras "mutiladas" para as quinas não terem sofrido a sorte dos leões e dos castelos...

Jad disse...

Curiosamente não conheço, que me lembre, de nenhuma representação da batalha, das várias que existem do séc. XV (como a da vinheta)em que o exército castelhano apareça com a bandeira leões/castelos/quinas. Será que houve? Ou será só uma fantasia de historiador? Na verdade dos factos, os reinos não se união. Castela já tinha um herdeiro (o filho do primeiro casamento do Rei de Castela) e o possível filho de Beatriz seria o rei de Portugal. O povo não queria era a Leonor como regente até esse possível varão ter idade para ser Rei... Mas a História "oficial" conta outra história.

Jad disse...

Que S. Jacinto e S. Roque sejam meus protectores, depois do comentário anterior.
;)))

JP disse...

Não querendo afrontar SS Jacinto e Roque, não há motivo para suspeitar de qualquer invenção. Se o Rei de Castela, que se intitulou consabidamente de Portugal, usava nos seus selos das armas de um e outro reino, porque não nas suas bandeiras? O rei de Portugal não usaria as armas dessa dignidade?

LB: Há um passo curioso, algures, em que se narra, precisamente, um "rasganço" acidental e que foi tido por presságio. No caso, as armas de Portugal estavam cosidas por baixo, formando um cortado heráldico.
É claro que não posso excluir que essa mutilação tenha sido feita antes do desfile (não me lembro de ver referência a tal).