Cascais era um destino de fim de semana, geralmente domingo. O meu pai adorava Cascais e, naquilo a que eu e a minha irmã chamávamos " o passeio dos tristes", mal rompia o bom tempo, lá iamos de comboio a caminho de Cascais. A viagem era engraçada, vendo a vista através das janelas, com o meu pai a indicar-nos aspectos que, como crianças, nos escapariam, contando a história e histórias.
Vista da Torre do Bugio, a caminho de Cascais
Depois, era ou um passeio até à Boca do Inferno - e foi a primeira vez que ouvi falar de Fernando Pessoa a propósito de Aleister Crowley e da sua encenação de desaparecimento - ou, a maior parte das vezes, ao Parque Marechal Carmona, que se chama hoje da Gandarinha, porque resulta do parque mandado fazer pelo Visconde da Gandarinha a que se juntou em 1944 o jardim do Palácio dos Condes de Castro Guimarães, que num passeio visitei.
Boca do Inferno
Depois descíamos desde a Cidadela, que ainda era a residência oficial de Verão do Presidente da República, até ao Hotel Baía. Numa daquelas casas apalaçadas do século XIX, ou início do século XX, que ladeiam a rua da baía, existia um restaurante chiquíssimo, a Casa da Laura, onde os meus pais jantaram no seu primeiro dia de casados. Olhava reverentemente para a casa quando ali passava, nem sei bem porquê.
Vista da Praia dos Pescadores com o Hotel Baía
Seguia-se o lanche, geralmente na esplanada, vendo a maravilhosa panorâmica da baía, cheia de barcos e a azáfama na Praia dos Pescadores.
7 comentários:
Bela evocação da Cascais de outros tempos!
Eu tb sou do tempo do passeio dos tristes, em que ao longo do percurso lá nos iam contando umas histórias e umas pequenas histórias.
Os meus passeios variavam entre Cascais, Guincho, Cabo da Roca, Sintra, Malveira, Mafra, Ericeira.
As praias que mais frequentei na minha infância foram Parede (Avencas) e Carcavelos. Depois passou a ser Cascais: Rainha e Conceição.
Há dias, quando fui a Cascais, vi a Praia dos Pescadores cheia de gente. Nessa época era interdita a banhos.
JMS, no seu passeio até à Boca do Inferno devia passar frente à casa do rei Humberto de Itália...
Disseram-me, há dias, que está transformada num hostel e que tem sido um sucesso. Imagino, com aquela localização!...
Muito bonita esta postagem. Só não conheço o Parque da Gandarinha.
Que giro existir um macaquinho.
A história que contou é deliciosa. :))
Memórias queridas. :))
Bom dia!
Os meus "passeio dos tristes" eram de transportes públicos porque o meu pai não guiava nem tinha carro e a minha mãe teve, em solteira, o motorista do meu avô. Depois passou a "brincar aos pobrezinhos" :))
Passava, passava. E hoje é um hotel de 5 ou mais estelas. A vista também se paga.
Gostei de ler o seu post. Por vezes vou lanchar à antiga casa do rei Humberto de Italia. :)
Belo post !
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