Karlheinz Böhm faleceu no passado dia 29 de Maio.
A geração cinéfila dos anos 5o recordar-se-á deste actor no papel do Imperador Francisco José I ao lado de Romy Schneider na trilogia “Sissi”.
Fillho (único) de um dos mais importantes maestros do século XX, Karl Böhm, e da soprano Thea Linhard, iniciou, no final dos anos quarenta, a sua actividade como actor no conceituado Burgtheater de Viena e, mais tarde, no Theater in der Josefstadt. Seguiram-se os primeiros êxitos no cinema alemão e austríaco.
O ano de 1955 foi determinante na sua vida e carreira: nasce a primeira filha que se chama “Sissi” – não em homenagem à imperatriz como seria de esperar, mas sim em homenagem ao seu primeiro (e platónico) amor de juventude. O pai reabre com um magnífico “Fidelio” a Ópera Estatal de Viena (Wiener Staatsoper), destruída durante a segunda guerra mundial. E claro – o realizador Ernst Marischka oferece-lhe o papel de Franz Joseph I para a sua trilogia sobre a vida da Imperatriz Elisabeth “Sissi” (1955 – 1957).
Os filmes tornaram-se um enorme sucesso em toda a Europa. Karlheinz e Romyrapidamente ascenderam ao estatuto de ídolos.“Após a trilogia, poderia ter interpretado centenas de imperadores, reis e príncipes herdeiros. Recusei estas propostas”, referiu Böhm na sua autobiografia de 2008, “Suchen – Werden - Finden”. Mas ao contrário de Romy que sofrera com o cliché de Sissi durante toda a sua vida, Böhm afirmava “ter feito as pazes com Sissi”.
A tentativa de fugir à “imagem de um porquinho de maçapão que impedia qualquer evolução” (entrevista à Cosmopolitan) falhou no entanto. As experiências em Hollywood não resultaram. Durante doze anos, não recebeu uma única proposta de realizadores alemães, até que Rainer Werner Fassbinder, enfant terrible do cinema alemão da década de 70, o descobriu para três películas: Effi Briest (1972-1974), Faustrecht der Freiheit (O direito do mais forte à liberdade, 1974) e Mutter Küsters Fahrt zum Himmel (A mãe Küster vai para o Céu, 1975).
A vida de Karlheinz Böhm mudou radicalmente em Maio de 1981, quando, num concurso de televisão alemão, perdeu uma aposta e se comprometeu a angariar fundos para a população faminta na Etiópia. Encontrou então o sentido e a missão da sua vida: criou a organização humanitária "Menschen für Menschen" para ajudar os etíopes e combater a pobreza e injustiça. Ao lado da sua mulher Almaz (etíope), desempenhou assim o seu papel mais notável de toda a sua carreira e vida.
4 comentários:
R.I.P.
Filipe,
Deu-me prazer ler o seu registo, só o vi em "Sissi" e no "Direito do Mais Forte à Liberdade".
Julgo que não lhe dava o mérito que merece. De modo que agradeço a sua lembrança aqui deixada.
Boa noite!:))
Fantástico! Danke P Hatheyer
Não soube da sua morte.
Claro que vi a trilogia Sissi e já não me lembrava dele nos filmes de Fassbinder.
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