Funchal, 24 de Novembro de 1930/ - Cascais, 24 de Março de 2015)
Se houvesse degraus na terra...
Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.
Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.
Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.
3 comentários:
Soube há pouco e até fiquei abananada. :(
Era o melhor, e o mais velho, dos dos vivos. Que anda para aí muito publicitário, travestido de poeta...
Perda pesada para a Poesia portuguesa, embora H. H. tivesse cumprido a sua Vida.
Muito bonito este poema. Também só soube hoje.
Boa noite.
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