Prosimetron

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segunda-feira, 29 de junho de 2015

Leituras no Metro - 215

Lisboa: Guerra e Paz, 2015
€16,00

Era pedagógico que os saudosistas e essas criaturas que dizem que estávamos melhor há 40 anos, a maioria das quais nem vivas eram na época, dessem uma olhada nesta obra de António Costa Santos: «É mais do que um livro, é uma viagem e um exercício para a sua imaginação.» Sim, na verdade, para quem não viveu esses tempos, deve ser surreal o que aqui lê... E divertido. Sim, que o livro até é divertido.
«Já imaginou viver num país onde tem de possuir uma li­cença do Estado para usar um isqueiro?»  Sim, lembro-me de pessoas que foram multadas por o usarem sem terem a tal licença.
«Como será a vida num país onde uma mulher, para viajar, precisa de autorização escrita do marido e as enfermeiras estão proibidas de casar?» Há uns tempos falei aqui de um livro sobre as mulheres do MUD Juvenil em que ambas as situações eram referidas.
«Haverá um país onde meçam o comprimento das saias das raparigas à entrada da escola, para que os joelhos não apareçam?» Os joelhos e parece-me que os cotovelos. Mas também não se podiam tapar os joelhos com calças porque não era permitido usar calças.
«Imagina-se a viver numa terra onde não pode ler o que lhe apetece, ouvir a música que quer, ou até dormitar num banco de jardim?»
Era assim este nosso Portugal...
Mas situações semelhantes a estas passam-se noutros países que também farão o seu caminho, só que este não lhes pode ser imposto de fora.

5 comentários:

ana disse...

Um título curioso.
Bom dia de S. Pedro!:))

APS disse...

Protecção das Fosforeiras e condicionamento industrial,"protecção" dos costumes, quase aniquilação da vontade feminina, tentativa de ordenamento dos espíritos, eram algumas das formas visíveis da repressão de outrora.
Hoje a repressão é muito menos visível e mais subtil, mas vai avançando pelos constrangimentos económicos e pela intoxicação informativa das "narrativas" e das agências...
Estamos melhor, sem dúvida, mas é preciso andar atento.
Bom dia!

MR disse...

APS,
Claro que temos de andar atentos. E vigilantes.

Bom dia a ambos. :)

Isabel disse...

Eu não sou, de maneira nenhuma, daquelas pessoas que dizem que antigamente era melhor, mas se é verdade que tudo isso existia, também é verdade que, inevitavelmente, em 40 anos o país teria evoluído de qualquer maneira.

Hoje também não somos os únicos donos do nosso destino...
E a vida regrediu em muitos aspectos, principalmente para os jovens...

Boa tarde, MR:)

MR disse...

Isabel,
Não me parece que tenha regredido para os jovens. Hoje, do ponto de vista das habilitações, estão muito mais bem preparados, embora a ignorância seja muita. Há 40 anos era uma minoria que estudava. Havia muitos analfabetos.
Há 40 anos era fácil para essa minoria arranjar emprego.
Tb já não éramos os únicos donos do nosso destino: há a NATO, havia a Guerra Fria (que está ai de volta), etc. Houve duas guerras mundiais, no século XX...

Claro que o país havia de evoluir qualquer coisa, como evoluiu algo nos costumes, nos últimos anos. Por isso eu acho que países onde hoje as mulheres não podem estudar, etc., haverão de fazer eles próprios o seu caminho, sem interferência exterior.

Bom dia!