Quarta-feira um debate com António Feijó, Miguel Tamen e Telmo Rodrigues, às 18h30.
«O que eu ia fazer assim que saísse de casa era simplesmente
passar a chamar-me Robert Allen. Para todos os efeitos aquele era o meu
verdadeiro Eu – era o nome que os meus pais me tinham dado. Fazia lembrar o
nome de um rei escocês e eu gostava. Havia pouco da minha identidade que ele
não contivesse. O que de certa forma me confundiu mais tarde foi ler um artigo
na revista Downbeat, com a história de um saxofonista da Costa Oeste
chamado David Allyn. Suspeitei que o músico tivesse mudado a grafia Allen para
Allyn. Até percebia porquê. Parecia mais exótico, mais enigmático. Eu também
havia de fazer aquilo. Em vez de Robert Allen passaria a ser Robert Allyn.
Algum tempo depois, acidentalmente, li alguns poemas de Dylan Thomas. Dylan e
Allyn soavam parecido. Robert Dylan, Robert Allyn. Não conseguia decidir-me – a
letra D tinha mais força. Mas Robert Dylan não se parecia nem soava tão bem
como Robert Allyn. Sempre me trataram por Robert ou por Bobby, mas Bobby Dylan
soava infantil e, para além disso, já havia um Bobby Darin, um Bobby Vee, um
Bobby Rydell, um Bobby Neely e muitos outros Bobbys. Bob Dylan tinha mais pinta
e soava melhor do que Bob Allyn. A primeira vez que me perguntaram o meu nome
nas Twin Cities, automática e instintivamente respondi “Bob Dylan”.»
Bob Dylan – Crónicas. Lisboa: Ulisseia, 2005, vol. 1,
p. 64
2 comentários:
"I'll be there", como a canção de The Jackson 5. I hope to see you on wednesday. :)
Será que a vi? Bom um bom final de tarde.
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