Prosimetron

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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Lisboa: descaracterização da cidade


Passei há dias na Rua do Carmo e vi que o local da antiga Livraria Aillaud & Lello, fundada em 1931 e que encerrou há pouco, está ocupado com outra loja e que estão a tirar as belas letras de Livraria Aillaud & Lello Limitada.
Tanto a fachada como o interior da livraria são da autoria do eng. António José Ávila do Amaral.que foi colaborador do arq. Cassiano Branco. O interior já está descaracterizado e pelo que se vê a fachada segue o mesmo caminho.
Porque será que a Câmara Municipal de Lisboa que arrancou com o programa Lojas com História não classificou o exterior e o interior dessas lojas? Qualquer dia não haverá Lojas com História e não se percebe porque se investiu nesse programa. Mais um programa à portuguesa: elabora-se qualquer coisa só para não se dizer que não se fez nada, mas não se aplica.
«Lisboa preza e valoriza a sua história. Por isso elegeu como uma das suas prioridades proteger o comércio tradicional e histórico, trabalhando para, por um lado, preservar e salvaguardar os estabelecimentos e o seu património material e cultural, e, por outro, dinamizar e reativar a atividade comercial, determinante para a sua existência.» (Fernando Medina, presidente da CML, no prefácio a Lojas com História. Lisboa: Tinta da China, D.L. 2017)

14 comentários:

bea disse...

Vivemos num mundo mais de palavras que de actos, diacrónico e até burlesco. Que pena! Assim se vai dizimando a história que temos e negando em acto o que as palavras afirmam.

APS disse...

A descaracterização lisboeta vai sendo moda.
Num pertinente artigo do Público, a jornalista Bárbara Reis fez um inventário (28/12/18) sucinto do comércio de inutilidades para turistas, na Baixa de Lisboa, em que contou, só de lojas de bugigangas turísticas (chinesas e indianas): 103 estabelecimentos!
Amesterdão tem sido mais actuante e diligente: proibiu a "abertura de novas lojas para turistas em 40 ruas do centro histórico."

Margarida Elias disse...

É muito triste. Bom dia e boas entradas em 2019!

MR disse...

Gostava de saber se essas lojas para turistas que vendem umas porcarias sobrevivem só com este comércio... Há lojas destas umas ao lado das outras.
A substituta da Livraria Lello parece-me que é de roupa.
Bom dia para todos.

Isabel disse...

Eu diria que o dinheiro fala mais alto. Quando já não houver nada para travar é que se lembrarão de actuar.
É mesmo uma pena.

Boas entradas e um feliz Ano Novo para Todos os que fazem e que visitam o Prosimetron (se me permite o aproveitamento do espaço)

:)))

MR disse...

Claro, mas a CML tem de fazer alguma coisa antes que as Lojas com História desapareçam todas.
Bom Ano!

LUIS BARATA disse...

Algumas das lojas de souvenirs têm outros propósitos , só assim se compreende que aguentem as actualmente elevadas rendas da Baixa .

ana disse...

Faz impressão, muita impressão mesmo! Entrava nessa livraria, embora na maioria das vezes saísse de mãos vazias, adorava passar algum tempo lá dentro.:((

Resistiu muito tempo, sempre pensei que a cultura a retivesse mas...
Bom Ano para todos!:))

Mr. Vertigo disse...

Ao longo dos anos desde os meus tempos da adolescência entrei nesta livraria onde trabalhava um colega do Ciclo Preparatório, era engraçado s anos passarem e nos a encontrarmos por ali ou na Feira do Livro no respectivo Pavilhão da editora.
Um ditado popular diz que de boas intenções está o inferno cheio e tenho imensa pena ver locais com História a desapareceram, porque um dia destes ainda vão afirmar que o Universo nasceu no ano 2000 e a História nunca existiu.
Desejo-lhe um excelente Bom Ano 2019, repleto de boas leituras, exposições, filmes e viagens:-)
Bom feriado!

MR disse...

Às vezes entrava na Lello e comprava alguns livros porque a livraria vendia fundos de editoras.
Retribuo em dobro os bons votos para o ano novo. :)

Mª Luisa disse...

Não sei se acretirás, mas do ano 1982 á seguinte volta que estive em Lisboa, vi mudadas muitas coisas. Acho que lembrava lojas com olor a café , teas de muitas cores e...Não sei.
Nas últimas vezes andar por determinados lugares das cidades, semelha a mesma: Zara, Massimo Dutti...E as lojas das que gosto, já não existem.
As lojas de souvenirs, chegam mesmo a cansar, mas não é Lisboa, são muitas mais.
Boa despedida de 2018 e boa entrada em 2019!

Presépio no Canal disse...

Querida MR,

Mas que pena o que conta! Triste, muito triste...

Espero que algo se faça para evitar mais situações como esta, antes que Lisboa desapareça no que tem de mais genuíno.

Um Bom ano de 2019, para si e os seus, com muita saúde e alegria!

Votos que estendo a todos os autores do blogue.

Tudo de bom!

Beijinho amigo!

M,Franco disse...

É completamente revoltante o que têm feito à cidade de Lisboa.
E não quero dizer mais nada por ser penoso, falar sobre este assunto.
Apenas quero desejar um bom ano a todos os "donos" deste excelente
blogue e a quem aqui comenta. Para todos uma boa noite de fim de ano.

MR disse...

Isto é revoltante! Palavras, programas, mas de concreto nada!
O que dizes, Luisa, é o que penso quando me falam da quantidade de turistas que visitam Lisboa. Qualquer dia deixam de vir porque só encontram aqui o mesmo que nos seus países e para além disso só encontram turistas; os portugueses estão a desaparecer do centro da cidade. E já não cheira a café quando passamos na Rua Augusta, nem na Rua do Ouro, nem na Rua Garrett, nem da Misericórdia...
Bom dia para todas.