Lisboa: Relógio d'Água, 2016
Gostei bastante dos dois textos que compõem este pequeno livro sobre Veneza.
«O viajante curioso poderá reconhecer os escassos nativos [venezianos] com que se cruze no seu deambular porque, assim como os turistas andam como sempre feitos uns fantoches, se não uns sórdidos, os venezianos parece que vão para uma festa elegante a qualquer hora do dia e em qualquer estação».
Mas não é fácil vê-los porque «andam por ruas diferentes das escolhidas pelos turistas. Expulsos das mais luminosas e principais pela inundação contínua que por vezes provoca engarrafamentos humanos para desespero dos que querem chegar a tempo, os venezianos procuram atalhos e metem-se por onde nenhum forasteiro se aventuraria com medo de se perder no labirinto insondável que é a cidade» (p. 18-19).
6 comentários:
Ao que parece, apenas 40% da população residente é de autóctones originais... o resto são turistas - ao que isto chegou!
O tolo do Medina deve estar a tentar fazer o mesmo em Lisboa, se o deixarem.
Um bom fim-de-semana.
Este ainda não tenho :( mas tenho, entre outros, o da Jan Morris (da Tinta da China), o do Corto Maltese (do Público) e um que me custou muito encontrar: Venise, do Jiro Taniguchi, para a colecção Louis Vuitton Travel Books - é uma pérola.
Bom fim-de-semana!
🌼
APS,
Basta ver como o n.º de habitantes te decrescido em Lisboa. Freguesias que chegaram a ter 90 habitantes... E não sei o que aconteceria à de Santa Maria Maior (que inclui Alfama) se não fosse o presidente da Junta ter dado um murro na mesa.
Pelo que tenho lido, neste livro de Marías e nos livros do comissário Brunetti, nem sei se chegará aos 40%. As pessoas fogem do centro para Mestre onde parece que conseguem ter uma vida de encontros com amigos, idas a restaurantes, cinemas, etc.
Maria,
Já li o da Jan Morris, tendo o do Hugo Pratt e não conheço Jiro Taniguchi, mas vou procurá-lo.
Foi uma pena aquela coleção do Público/Asa ter ficado por ali. Já tenho feito passeios em algumas cidades guiada por esses livros.
Boa tarde para os dois.
O Taniguchi era um autor de BD com um traço único e uma sensibilidade extraordinária. Eu conheci-o com o livro Terra de Sonhos, das novelas gráficas do Público e fui logo à procura de mais livros dele; encontrei alguns em francês (gostavam muito dele lá) e também em inglês.
Este de Veneza é magnífico, pois é todo em belíssimas aguarelas: tive oportunidade de o folhear no site da Casterman antes de o encomendar à Fnac.
Tenho outro que adoro: Les Gardiens du Louvre, editado pelo próprio Museu (este, pouco tempo depois de eu o comprar saíu em português com o Público: azarinho!).
Boa tarde!
🍀
É absolutamente verdade, os venezianos andam na rua lindos de morrer, sobretudo o séquito feminino. E sim, não se passeiam pelas artérias do turista senão depois das hordas diárias terem recolhido (terem abandonado Veneza em comboios e autocarros). Também se encontram no super, na padaria e às varandas mal o sol se põe; e são de uma alegria esfusiante que toda se debruça pelos balcões iluminados e floridos e a água em espelho de luz. A Veneza crepuscular não é apenas bonita por ser Veneza e pelo ocaso, é íntima como o entendimento entre amigos de longa data, não encetam tema restrito, o assunto que os une é a relação, o resto é o que se diz dentro do assunto, banalidade. Assim nos fala Veneza quando é inteira.
Maria,
Soube da edição do livro de Taniguchi sobre o Louvre, em francês, talvez por alguma dessas revistas que compro. Vou ver se requisito a edição portuguesa numa biblioteca. Obrigada.
Bom sábado para as duas.
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